Antonio Carlos Popinhaki
Muitas pessoas, de forma individual, têm um sonho não raro. E esse sonho nasce muitas vezes, antes de atingirem a idade adulta. Querem ter um filho ou uma filha. Tornarem-se pais ou mães, geralmente num lar feliz. O propósito de perpetuar a espécie não é inerente somente à raça humana. A natureza tende a nos mostrar isso cotidianamente. Estamos cercados de animais e plantas que lutam incansavelmente para sobreviver e perpetuar sua prole, não se importando com quão difíceis sejam as intempéries apresentadas.
Durante os meus 56 anos de idade eu observei a personalidade, o caráter e a índole das pessoas que me cercaram. Algumas eu conceituei como boas, outras más. Pessoas com ideais de prosperidade, outras não muito interessadas no capitalismo. Homens e mulheres com o desejo de casar e de ter uma família. Outros, sem demonstrarem nenhum compromisso com um lar.
Vi mães e pais se orgulharem de seus filhos e filhas. Vi outros chorarem por causa deles. Onde errei? Ou, onde erramos? Disseram-me os pais do segundo grupo. Demos tudo o que precisava, nunca lhes faltou nada de conforto.
Esses pais e mães não reconheceram e não reconhecem que não deram tudo o que o filho ou a filha necessitou. Não deram um lar. Não deram o amor de pai e mãe. Não lhes passaram a confiança necessária para um bom diálogo. Filhos e filhas com dificuldades de convívio familiar confiam mais em estranhos. Conversam com estranhos e não conversam com os pais. Pois, não confiam nos seus "distantes" pais.
Quando um pai ou mãe afirma para mim que fez tudo pela educação do filho ou da filha “problemático(a)”, ele(a) acaba se vitimizando e passando “a bola” da causa e das consequências única e exclusivamente para o filho ou a filha, para o cônjuge, para o avô, avó, ou outro parente ou pessoa próxima. Mas nunca aceita a responsabilidade e nunca reconhece que falhou, que fracassou por suas atitudes.
As crianças nascem iguais. Antes de nascermos, nós não podemos escolher nossos pais, nem nossos lares. Nem ao menos, podemos escolher nossa cor e nossa condição social, nem o país onde nasceremos e cresceremos.
Por isso, o sonho de ser pai ou mãe deve ser alimentado com muita responsabilidade. Não existe curso para ser um bom pai ou uma boa mãe. Mas podemos aprender com o nossos irmãos, os animais. Muitas espécies vivem em famílias. Algumas caçam, comem e dormem juntas.
No caso dos humanos, amor incondicional, dedicação, abnegação são características necessárias para a formação de um bom caráter. Exemplos bons, como o respeito ao próximo, aos animais e ao ambiente onde estão inseridos são logo absorvidos pelos pequenos. Os filhos e filhas são o reflexo do pai ou da mãe.
Quando um pai ou mãe me diz que seu filho ou filha tem problemas com drogas, que é um bêbado, um desordeiro, um irresponsável, ou usa de outros adjetivos, ele está me dizendo que ele(a) próprio (pai e mãe) tem todos esses rótulos.
Admiro muito as pessoas que se doam até os últimos momentos de suas vidas em prol dos filhos e filhas, mas repudio veementemente os que desistem e abandonam sua descendência à própria natureza da crueldade humana. Repudio os que se vitimizam e acham que o mundo é cruel somente com eles (pais e mães). Que buscam uma ilusória e momentânea felicidade longe dos filhos e do lar. Repudio os pais e mães que desistem e abandonam seus filhos e filhas. Que tipo de seres são esses? Certamente, piores do que muitos animais.
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