Texto de Antonio Carlos Popinhaki
A primeira vez que se teve notícias sobre o lugar chamado Curitibanos foi quando em 1733, o tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu passou pelo local com cerca de 3 mil cabeças de gado provenientes do Rio Grande do Sul com destino às Minas de Ouro Preto. Depois de chegar ao seu destino, ele vendeu o gado a peso de ouro. Provavelmente, foi nesse tempo que se firmou um lugar chamado de “Pouso dos Curitibanos”, pois em 1737 apareceu esse nome num mapa feito pelo Padre Diogo Soares. O caminho ou rota por onde os tropeiros passavam com o gado foi aberto anteriormente pela expedição do Sargento-Mor Francisco de Souza Faria e por carta, foi indicado para o missionário como o roteiro usual. O Padre Diogo Soares veio de Portugal em 1729 com um outro Padre de nome Domingos Capaci em missão oficial para a Igreja Católica, provavelmente de reconhecimento.
Na epístola do Sargento-Mor ao Padre, foi citado que no local chamado de “Campo dos Curitibanos”, havia, como o nome sugere, campos e algumas restingas, bem como também, capões de mato. Nesses capões havia muitos córregos e rios.
Também relatou na sua carta, que durante uma viagem ocorrida, nos meses de março até setembro, eles permaneceram entre a Serra Vacaria até os Campos Gerais de Curitiba. Nesse período, eles encontraram caça abundante, principalmente antas e porcos. Se fartaram também de muito pinhão das imensas araucárias. O mel era em tanta abundância, que não só servia de iguaria para se comer com grande prazer, mas também, de sustento à tropa. Todo ele era sadio, das 63 pessoas que estavam com o Sargento-Mor, só morreram dois negros de pura fome e miséria, não sendo explicado o porquê, pois havia abundância de alimentos. Também morreram, um branco e um índio, pelo muito que se fartaram de pinhão e mel.
Especificamente, não se pode afirmar hoje em dia o local exato desse lugar chamado de “Pouso dos Curitibanos”. Atalhos e rotas alternativas foram criadas para encurtar e melhorar a logística do tropeirismo. A “estrada” ou “caminho das tropas”, como ficou conhecido o caminho aberto, foi fundamental para a ligação norte-sul e também para o desenvolvimento regional do sul do Brasil.
Em 1777 vieram os paulistas e os curitibanos (moradores de Curitiba) com o Regimento encarregado de vigiar a fronteira, depois que os castelhanos invadiram a costa de Santa Catarina. Foi nessa ocasião que foram organizados os postos de abastecimento, nos pousos entre Rio Negro e Lages. Em cada posto foi designado um feitor com a finalidade de adquirir e fornecer sal e mantimentos para o sustento das tropas que por ali passavam.
Esse sal e esses mantimentos eram disponibilizados, como forma de apoio para o pleno funcionamento do tropeirismo, com a promessa de ressarcimento pelo Rei de Portugal, coisa que não acontecia na sua plenitude. Alguns feitores de postos receberam muito tardiamente essa conta e outros nunca receberam o que venderam, causando enormes transtornos financeiros aos primeiros moradores dos pousos.
Em Curitibanos, o feitor foi o Capitão Antônio Jozé Pereyra, primeiro dono da então “Fazenda dos Curitibanos”. O nome Curitibanos deriva de Curitiba e significa na língua Tupi: “abundância de porcos”. Para a construção da vila de Curitiba houve uma espécie de orientação divina, corroborada pelo cacique Tindiquera, da tribo dos Tinguis, amigos do homem branco. Ele é que teria escolhido o local exato para erguer a futura vila. Fincou uma vara no chão e disse: “Coré etuba”. O argumento é de que o termo “coré”, em tupi-guarani, significa “porco”. E é “curiy” a palavra indígena para “pinhão” (“tuba” ou “tiba” significa “muito”). Portanto, o cacique queria dizer, ao indicar o local ideal para a nova vila, não aquilo que os pioneiros conseguiam ver à sua volta: os imensos pinheirais, mas sim que, nas redondezas, havia muitos porcos para fornecer carne. Diversos relatos de viajantes que passaram pelo “Primeiro Planalto do Paraná” na época, aliás, fizeram menção à profusão de porcos na região. O fato é que, por muito tempo, a cidade, inclusive, teve dupla grafia: ora aparecia Curityba (terra dos pinheirais), ora Coritiba (terra dos porcos). A grafia do nome da cidade só veio a ser definida oficialmente em 1919, por uma resolução da Câmara Municipal. A cidade passou a se chamar definitivamente Curityba – que, após a reforma ortográfica de 1943, virou Curitiba. Assim, por decreto, a cidade ficou sendo a terra dos pinhões e não Coritiba da abundância de porcos. Para a necessária compreensão de um público leigo eventualmente interessado, resume-se o problema no simples significado do topônimo diante de três étimos guaranis, curiy, designativo de pinheiro, curé e coré, que significam porco. O resultado destes radicais associados ao sufixo tupi “tiba”, que designa quantidade ou abundância, concorreu para a formação de dois substantivos parecidíssimos, Curitiba e Coritiba, diferentes apenas por uma letra.
E da mesma forma, o significado pode ser aplicado ao nome Curitibanos que é uma alusão aos tropeiros, moradores de Curitiba, que por aqui passavam e pernoitavam com suas tropas. Havia no local, também, muitos porcos e muitos pinheiros e pinhões. O nome de Curitibanos deriva de Curitiba. O lugar foi conhecido muito antes da abertura da estrada do caminho das tropas. Os primeiros moradores de Curitiba vieram até a região procurar ouro e prata. Eram os bandeirantes mineradores ou bandeiras mineradoras como ficaram popularmente conhecidos.
O nome Curitibanos, vem de “Campos dos Curitibanos”, conforme era conhecida a região. Está associado aos mineradores de Curitiba. Antes se escrevia Coritybanos, depois foi alterada conforme a mudança feita no nome da capital do estado do Paraná.
Referências para o Texto:
LEMOS, Zélia de Andrade. Curitibanos na história do Contestado, 2ª ed. Curitibanos: Impressora Frei Rogério, 1983.
MARINS, Fernando; HOERNER, Valério. Coluna do Fernando Marins / Gazeta do Povo Ano 2009 e Valério Hoerner Júnior escritor Significado do nome Coritiba na língua Tupi: Abundância de porcos. On line: disponível em: https://www.jornalolhonolance.com.br/2016/05/significado-do-nome-coritiba-na-lingua.html
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