Texto de Antonio Carlos Popinhaki
O presente texto foi curiosamente elaborado em meio às minhas pesquisas sobre os primeiros registros em jornais impressos do povoado chamado Curitibanos, foi justamente devido à notícia do fato, estampado em vários periódicos do Império da época, divulgados e replicados em várias províncias, que me chamou a atenção. O fato relacionado aqui, foi traduzido e publicado, inclusive, em língua inglesa, no “The Rio News”, numa edição de 1879. A notícia também foi impressa no “Monitor Campista”, jornal da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ. Segundo o texto, vários jornais paranaenses já haviam republicado o caso ocorrido na antiga vila de Curitibanos. Dessa forma, o povoado de Curitibanos apareceu nos jornais das províncias do Império no ano de 1879.
Por volta de julho ou agosto daquele ano, fizeram uma viagem para a Província de Santa Catarina, os senhores, João Custódio Natel e João dos Santos Mattoso, residentes em Campo Largo, Paraná, levando em sua companhia, um pequeno cão.
Ao passarem o Rio Iguaçu, na vila de Porto União da Vitória, notaram haver certa repugnância no pequeno cachorrinho em acompanhar os viajantes. Nessa ocasião, Mattoso, tentando levá-lo à força, foi por ele mordido, e abandonando-o na margem paranaense, foi ter com o companheiro que já se achava do outro lado. Natel, que estimava muito o pequeno cão, que então uivava tristemente, não querendo deixá-lo, tornou a passar o rio, e, sem nada poder ter feito ou conseguido, foi igualmente mordido, vendo-se obrigado também a abandoná-lo.
Chegando em Curitibanos, 15 dias depois desse fato no rio Iguaçu, Mattoso foi diagnosticado com hidrofobia, vindo a morrer depois de 24 horas, após horríveis sofrimentos.
Natel, tendo terminado os seus negócios, regressou para a sua casa, onde também, dois meses depois, lhe apareceram os mesmos sintomas do terrível mal, falecendo depois de 48 horas de atrozes sofrimentos.
Só depois dessa segunda morte, é que se veio pelos amigos dos dois viajantes o conhecimento de que o cãozinho achava-se doente, e daí a causa da repugnância de passar o rio de uma margem para a outra.
No texto consta também que mais duas pessoas foram mordidas pelo mesmo cão, tendo uma falecida, e a outra, que estava em estado grave na ocasião em que a matéria foi escrita.
A hidrofobia (aversão à água) trata-se de uma infecção de um vírus mortal, transmitido pela saliva de animais infectados, também chamada raiva ou rábia. Geralmente, gatos e cães são os principais transmissores. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, salivação excessiva, espasmos musculares, paralisia e confusão mental. Tem esse nome por causa da paralisia e espasmos dos músculos de deglutição. Quando uma pessoa infectada tenta engolir algo, o corpo reage com uma expulsão violenta de líquidos. A visão, o odor e o ruido dos líquidos que saem provocam um quadro horrível. Por essa razão, o nome hidrofobia, ou aversão à água.
Fonte para o Texto:
Cão Danado. Jornal Monitor Campista, p. 2. Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Ed. n.º 239, ano 42. 21 de outubro de 1879.
Imagem ilustrativa da internet
The Rio News, Rio de Janeiro, october 15th, 1879. P. 4, Number 26, Vol. VI.
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