Tentarei descrever um pouco da minha passagem pelo Exército Brasileiro na minha juventude. Servi no 1º Batalhão Ferroviário acampado em Lages no ano de 1982. Naquele ano eu tinha 19 anos de idade. Era praticamente um rapaz sem nenhuma experiência da vida. Tudo era novidade para mim. As pessoas, a hierarquia militar e a maneira como todos se comportavam naquele ambiente.
Depois de alguns procedimentos prévios de seleção realizados em Curitibanos, quando completei 18 anos e mais alguns nos primeiros dias no Batalhão de Lages, fui admitido para ser um recruta e servir à Pátria. Seria um soldado por um ano completo. No início, eu estava animado, depois comecei contar os dias para a baixa, como a maioria dos outros colegas (uma besteira não percebida na época).
Além da “Ordem Unida”, que praticamos diariamente durante 3 meses, separados em 8 pelotões de cerca de 40 soldados, trabalhei em várias seções como a “Sargenteação” (local onde as escalas de serviço eram feitas). Setor de Compras e Licitações, Setor de Identificação de Pessoal (local onde todos os soldados foram devidamente identificados com Carteira de Identidade Militar) e Seção de Pagamento de Pessoal (local onde eram feitas as folhas de pagamento do pessoal do Exército e também das pessoas civis que trabalhavam no Batalhão Ferroviário).
As escalas de serviço eram mudadas diariamente. E eu fui um dos contemplados como um dos que mais trabalharam na guarda ou “P-locos” como eram chamados os postos. Trabalhei em todos os postos de guarda existentes naquele ano no batalhão. Tirei mais de 80 dias de guarda, a maioria deles em horário onde eu dormia apenas 4 horas na noite, o chamado “horário do meio”.
Quando não estávamos de guarda, dizíamos para os que estavam escalados “que eles estavam rinchando”. Era uma maneira agradável de “tirarmos sarro” ou “zoarmos” dos colegas.
Foi um tempo maravilhoso. Nunca esqueci dos aprendizados de 1982. O mundo era diferente. As pessoas eram diferentes. Tenho e terei saudades eternas daquela época.
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