quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

A PAVIMENTAÇÃO DAS RUAS DE CURITIBANOS



Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Mais um ano está findando, com isso, surge novamente aquele tradicional momento de reflexão e de retrospectiva que nos importuna sempre no final do ano. Novas ideias surgem em nossas mentes, novos planos para o ano vindouro são considerados a serem executados. Nesta época, nossas mentes nos lembram de tristes e alegres fatos ocorridos no ano que se encerra, momentos que entraram para os anais da história, vivenciados por nós, como testemunhas em nossos dias. Em 2022, listei dois importantes fatos: a invasão da Ucrânia pela Rússia e a realização da Copa do Mundo de Futebol no Catar.

Também temos as festas, natal e o famoso réveillon, a passagem de encerramento e início de um novo ciclo no calendário gregoriano. Na nossa cultura ocidental e cristã, observamos a passagem do tempo anual por esse calendário. Mais uma vez, as pessoas se reúnem em família, comemoram juntas e se regozijam.

Ao trabalhar na programação anual de natal da Prefeitura Municipal de Curitibanos, especificamente nas atividades dispostas na “Vila do Papai Noel”, localizada nas dependências da Praça Centenário, ou o “Parque do Capão”, conversando com várias pessoas do município, pude lembrar de como era e de como se tornou a nossa Curitibanos. Talvez, não haja melhor momento do que este para lembrarmos do assunto.

Conversamos sobre as ruas e as suas pavimentações ao longo dos anos. Lembrei que a vila de Curitibanos surgiu no início do século XIX, por volta do ano de 1800, construída no alto de uma coxilha, foi ponto estratégico para conter as invasões de piquetes inimigos, de ladrões, salteadores, bandidos e facínoras, que infestavam o sertão de outrora.

O Termo (local fronteiriço) de Curitibanos era considerado um local de difícil aplicabilidade da lei pelos poucos representantes constituídos através de leis imperiais e republicanas. Juízes, Delegados, Tabeliães, e Escrivães eram alvos fáceis para as emboscadas e os assassinatos. Lembrei das mortes dos superintendentes locais, Francisco Ferreira de Albuquerque e Henrique Paes de Almeida (Filho), assassinados em tocaias.

Inicialmente, a vila tinha três ruas principais, as atuais ruas Conselheiro Mafra, Vidal Ramos Júnior e a Dr. Lauro Müller. Todo o centro urbano estava localizado, tendo como o ponto referencial, a atual Praça da República, que não era plana como a conhecemos hoje, e sim, caracterizada como um terreno acidentado. As ruas eram varridas diariamente por empregados da superintendência municipal, que utilizavam vassouras colhidas dos vassourais nativos que circundavam o centro urbano. O chão era cuidadosamente limpo e tinha características de “chão batido”, quando não chovia. Havia tráfico de carroças, charretes e cavalos, que sujavam e desnivelavam as vias constantemente, por essa razão, costumeiramente, os empregados da superintendência adquiriram o tradicional hábito de começarem as suas jornadas de trabalho e as atividades laborais, antes mesmo de o sol nascer. Prática observada até hoje.

Com o passar dos anos, as ruas de Curitibanos foram pavimentadas com paralelepípedos, os famosos “macacos”, cortados por habilidosas mãos das muitas pedreiras de basalto existentes no local. Essa rocha é também conhecida como “pedra-ferro”, sendo o solo curitibanense, rico com o mineral. Assim, não é difícil de encontrarmos tal matéria-prima, indispensável para a confecção dos “macacos” (espécie de pedra cortada de forma quadrilátero, de cerca de 15 cm. X 15 cm. X 15 cm.). Com a aquisição de máquinas, como moto scrapers, motoniveladoras, tratores de esteiras e retroescavadeiras, os operadores, funcionários da Prefeitura Municipal de Curitibanos, ao abrirem novas vias urbanas, desenterraram enormes rochas, geralmente transformadas em matéria-prima para a contínua pavimentação.

A rua Coronel Vidal Ramos, por muitos anos, foi a principal via de Curitibanos, chamada inicialmente de “Rua Direita”, teve o seu status suplantado na década de 1960. Na direção Sul, havia no seu final uma grande depressão, um enorme buraco natural, isso, logo após a atual rua Barão do Rio Branco. Para piorar a sua continuidade, havia, ainda, enormes rochas, sendo essas demolidas e desenterradas, movidas para o aterro do buraco, nivelando como se encontra atualmente, até o encontro com a rua Altino Gonçalves de Farias. Foi assim que criaram um novo acesso para Campos Novos e o Oeste de Santa Catarina.

As rochas, quando desenterradas, eram movidas para ajudar nos aterros dos buracos. Assim, as vias foram construídas e gradativamente, pavimentadas com paralelepípedos, no caso específico da rua Coronel Vidal Ramos, na década de 1980, parte dessa via foi pavimentada com uma camada asfáltica, sendo os paralelepípedos extraídos para serem utilizados em outros logradouros.

No ano de 1973, com a construção da rodovia federal BR-470 passando pelo lado Sul do centro urbano, um novo acesso asfáltico foi construído, denominado de avenida Dr. Leoberto Leal. A construção seguiu os mesmos moldes do asfaltamento da rodovia federal, sendo muito bem executada. O seu recapeamento ocorreu, pelo menos, 20 anos após a inauguração. Onde hoje estão localizados os escritórios da empresa Berlanda e próximo ao Via Atacadista, havia um morro acentuado de rochas, que foi dinamitado para melhorar a trafegabilidade.

Nos primeiros anos da década de 1980, sob a administração Wilmar Ortigari e Osni Batista, a rua Altino Gonçalves de Farias foi asfaltada com uma estrutura de dar inveja aos atuais sistemas de asfaltamento. Grossas camadas de pedras foram disponibilizadas e compactadas sob o asfalto, permitindo uma durabilidade que já ultrapassa os 40 anos sem nenhum recapeamento. No ponto onde está localizado o Batalhão de Bombeiros de Curitibanos, havia um alto monte que precisou ser desfeito gradativamente para que tivéssemos a via como está presentemente, quase plana em sua extensão. Também naquele local, enormes rochas se transformaram em paralelepípedos ou macacos.

A avenida principal de Curitibanos, ou a avenida Salomão Carneiro de Almeida, também teve a sua história para ser contada. A partir dos anos das décadas de 1970 e 1980, cada gestor municipal experimentou e aumentou as pavimentações, com pedras e as tímidas pavimentações com asfalto. No caso específico da nossa principal avenida, após a pavimentação com pedras, nos anos 70, ela recebeu a pavimentação com lajotas sextavadas, sendo uma novidade, naquela época, para Curitibanos. Inicialmente, essas lajotas foram muito bem assentadas e deixaram a via bem plana, sendo inclusive utilizada para apresentações acrobáticas da equipe Steves. Geralmente, para tais acrobacias, era necessária uma camada asfáltica para que o terreno ficasse bem nivelado, mas as lajotas estavam bem assentadas e o nivelamento era semelhante a um asfalto e não havia desnível, tornando-se o local apropriado para os shows. Rampas foram instaladas em frente de onde hoje está localizada a agência do Banco Itaú. Trazidos pela antiga concessionária Volkswagen, a Auto França Ltda., a equipe Steves, naquela ocasião, tinha como principal objetivo, a divulgação dos veículos Passat e Variant II, da Volkswagen. Percorriam com exibições por todo o território nacional. Por onde passavam, as cidades, principalmente do interior, paravam para ver os veículos em duas rodas, pular em rampas de 10 a 30 metros, e várias outras apresentações. Assim eram os shows acrobáticos da equipe Steves. Curitibanos parou no dia da apresentação. Até hoje algumas pessoas lembram dessa noite. O que importa aqui, além de lembrar desses fatos, é salientar que aquelas lajotas sextavadas foram muito bem assentadas e que eram de excelente qualidade. Ficaram no local por mais de 20 anos.

Na década de 1990, a pavimentação com paralelepípedos foi acentuada, principalmente, nos bairros do Bosque e nas ruas próximas ao centro urbano. Uma pedreira, localizada no bairro São José fornecia uma grande quantidade de material, tanto para a base, quanto aos paralelepípedos em si. Na gestão do prefeito Wanderley Teodoro Agostini, as ruas centrais de Curitibanos receberam camadas asfálticas, inclusive, a principal avenida, a Salomão Carneiro de Almeida.

No encerramento das gestões do Prefeito José Antônio Guidi, 80% das ruas da cidade de Curitibanos ficaram pavimentadas com paralelepípedos, lajotas sextavadas e camadas asfálticas. Atualmente, o prefeito Kleberson Luciano Lima está dando continuidade com as pavimentações das ruas urbanas de Curitibanos, tendo como objetivo, chegar a 100% das ruas pavimentadas, tirar dessa forma, os moradores das difíceis situações de lama e barro, quando há chuvas.



Fontes para o texto:


Depoimento de Luiz César Abraão.


Fotografia: Internet


POPINHAKI, Antonio Carlos. Eu e a Madeira / Antonio Carlos Popinhaki. – Blumenau: 3 de Maio, 2016. 93 p.

 

POPINHAKI, Antonio Carlos. Popiwniak / Antonio Carlos Popinhaki. — Blumenau: 3 de Maio, 2015. 173 p.


LINS, Paulo Cesar Zanoncini. A formação urbana de Curitibanos : 1851 a 1969 : volume 1 / Paulo Cesar Zanoncini Lins. -- 1. ed. -- Curitiba : Factum Editora, 2021.

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