quinta-feira, 21 de março de 2024

A HISTÓRIA DE CURITIBANOS

Antonio Carlos Popinhaki


RESUMO


O presente artigo visa atender uma demanda que deseja saber sobre a história do município de Curitibanos. O início de toda a história começa com os antigos habitantes do lugar, os indígenas da etnia kaingang. A partir do século XVII, os bandeirantes oriundos do Paraná estiveram no planalto serrano em busca de metais e pedras preciosas. Após esses, quase meio século depois, com a construção do caminho dos conventos e do caminho das tropas, o lugar ficou conhecido pelos tropeiros que transitavam regularmente com suas comitivas ou caravanas de mulas e gado, provenientes do Rio Grande do Sul, com destino ao interior de São Paulo e Minas Gerais. Após a fundação do município de Lages, no final do século XVIII, com a distribuição de terras, os chamados “Campos dos Coritybanos” foram ganhando destaque e percepção. No início do século XIX, mais precisamente entre os anos de 1800 a 1810, um povoado se formou no alto de uma coxilha, com o estabelecimento de casas de moradia e um pequeno comércio. O local, chamado de “campo dos curitibanos” e de “pouso dos curitibanos”, em regra, tornou-se um ponto obrigatório para as comitivas. Inicialmente, devido à existência de campos nativos e de capões propícios para invernadas, esses tropeiros juntaram algum dinheiro e requisitaram extensões de terras devolutas. Nos séculos XIX e XX, o território de Curitibanos foi palco de batalhas e peleias armadas, como a Batalha de Curitibanos, na Revolução Farroupilha, os vários degolamentos na Estância Nova, na Revolução Federalista e a ativa participação na Guerra do Contestado. A partir do término do conflito e do acordo da questão de limites entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, o município de Curitibanos cresceu lentamente com a forte e massiva influência de fazendeiros e coronéis da antiga Guarda Nacional. Nos anos da década de 1950 houve um forte e incisivo assentamento de gaúchos descendentes de italianos que se estabeleceram com serrarias para explorar o extrativismo da araucária e das árvores da região. A maior visibilidade do progresso de Curitibanos só foi perceptível a partir da segunda década do século XXI.


Palavras-chave: História. Tropeirismo. Conflitos. Desenvolvimento.



UM RESUMO DA HISTÓRIA, DESDE O INÍCIO ATÉ HOJE


Para se ter um entendimento da história de Curitibanos, há a necessidade voltar nossas mentes para o passado distante, para os primeiros habitantes do lugar, os povos originários. Cinco séculos antes dos portugueses aportarem em terras brasileiras, existia na região que hoje é a serra catarinense e o meio-oeste, vários povoados pertencentes ao povo “proto-jê”, principais ancestrais dos indígenas que viviam no que hoje é o planalto serrano do Estado de Santa Catarina. Esse povo vivia espalhado pela grande “mata das araucárias”, presente desde parte do atual território do Estado de São Paulo, até o Rio Grande do Sul. Conforme o jornalista Santaella, 2016, o prefixo “proto” é usado comumente para englobar todos os atuais ancestrais dos habitantes do Sul. Seus descendentes são os indígenas xoklengs e os kaingangs. “” é relacionado aos povos nativos sul-americanos e sua característica principal é a família linguística.

O município de Curitibanos teve o seu chão, em idos tempos, povoado pelos indígenas dessas duas etnias, sobressaindo-se os kaingangs. Pesquisadores de quatro universidades brasileiras e uma do Reino Unido encontraram registros arqueológicos próximo à cidade de Lages que datam 270 anos antes da era comum. Segundo esses mesmos pesquisadores, esses antigos indígenas construíam pequenas cidades, plantavam feijão e mandioca, coletavam pinhão e preparavam bebidas fermentadas para rituais. Eram milhares espalhados pelo território onde a floresta das araucárias esteve presente. Apesar de não se saber exatamente quantos eram, o que pode ser afirmado é que faziam parte do conjunto de oito milhões de indígenas que habitavam o Brasil antes do chamado “descobrimento” pelos europeus.

Esses Proto-Jê do sul do Brasil foram verdadeiros arquitetos, pois, para se proteger do frio, construíram suas casas subterrâneas, de tamanhos e características apropriadas para aquecer várias famílias nos dias frios dos rigorosos invernos. Arqueólogos encontraram na região da serra catarinense, próximo a Curitibanos, escavações de até 15 metros de diâmetro por uma profundidade de 4 metros. Esse povo transmitiu a sua cultura da confecção de casas e pequenos povoados, bem como, a construção de peças líticas e de artesanato em cerâmica, taquaras e cipós, de geração em geração, até por volta do ano 1000 depois da era comum. Segundo esses mesmos pesquisadores e arqueólogos, nesse tempo, houve um aquecimento global natural, fazendo com que a área nativa da mata das araucárias fosse expandida. Consequentemente, a população de indígenas também se espalhou, dando origem às etnias xoklengs, kaingangs, kimdá e ingain. Os xoklengs se concentraram no que hoje é o Vale do Rio Itajaí, tendo remanescentes atualmente aldeados, na região da atual cidade de Ibirama. Presentemente, são menos de mil descendentes de milhares de outrora. Os kaingangs vivem ainda em cerca de 30 pequenas áreas, nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os kimdá habitavam as matas ao longo da bacia do Alto Rio Paraná, até o oeste de Santa Catarina. Se mesclaram com outros povos indígenas até se integrarem à população paraguaia. Os ingain seguiram o mesmo caminho, viviam nas vertentes do Alto Rio Paraná, entre o Paraguai e os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Não existem mais como um grupo étnico, pois se mesclaram com outros povos indígenas, inclusive os kaingangs.

Quando os europeus chegaram na região que hoje é o atual estado de Santa Catarina, depararam-se com os indígenas da etnia carijó, que viviam praticamente no litoral. Para termos uma ideia da distribuição étnica dos povos originários em Santa Catarina, efetuemos virtualmente três divisões verticais no mapa do estado. Numa pequena faixa litorânea, viviam os carijós. Noutra faixa, do leste para o oeste, até a encosta da Serra Geral, também no que é chamado de “serra-abaixo”, viviam os xoklengs. No alto da serra, incluindo o planalto, meio-oeste e oeste, viviam os kaingangs. A partir do Rio do Peixe até o oeste catarinense também viviam os guaranis. Apesar de viverem na mesma área, havia semelhanças e diferenças entre essas etnias. Uma das diferenças era a língua, enquanto os guaranis estavam ligados linguisticamente ao “Tupi-Guarani”, os kaingangs, estavam ligados linguisticamente ao “Macro-Jê”, ou “Jê”. Os kaingangs também acreditavam que a terra era a sua mãe, porque era da terra que vinha o alimento e a vida.

Tanto os kaingangs, como os guaranis ao interagirem com os europeus e colonizadores, perderam as suas identidades e as suas culturas. Eram também chamados, genericamente, de “bugres” por pura ignorância dos antigos tropeiros e fazendeiros da região central de Santa Catarina.  De acordo com Schüler Sobrinho, “Bugre era uma tribo indígena do sul do Brasil, da região entre os rios Iguaçu e Piquiri” (Schüler Sobrinho, 2000, p. 18). Entretanto, como já citado, por pura ignorância, os antigos tropeiros, fazendeiros e moradores do interior de Santa Catarina, generalizaram o termo, chamando, muitas vezes, erroneamente, de “bugres”, para qualquer indígena.

No que se refere aos kaingangs, antigos moradores da região de Curitibanos, há a necessidade de explicar aqui um pouco da sua cultura e das suas crenças. “Viviam em semi-nomadismo, pois praticavam a agricultura associada à caça e à coleta” (Santos, 1969, p.7). Segundo esse mesmo autor, viviam sob a mata das araucárias e seus campos, pois a diversidade e a riqueza de materiais disponíveis para a sobrevivência coletiva, como mananciais de água, flora e fauna, aliados às diferentes espécies de madeiras e plantas medicinais, proporcionavam um padrão sadio e completamente adaptado às intempéries da região.

Fixavam seus toldos ou aldeias em locais próximos das águas potáveis, geral e preferencialmente, em torno de lagos, lajeados ou pequenos rios, próximo de matos fechados, ou como ficaram conhecidos, capões, que os abrigava dos ventos. “Antes do sol nascer e ao entardecer, banhavam-se. A água, por estar protegida, ‘ficava quentinha’ (...) o fogo era aceso diariamente no inverno e aquecia o chão”. (Oliveira, 1996, p. 20-21). Os kaingangs eram um povo com regras de higiene saudáveis. As camas, onde dormiam, eram confeccionadas de folhas de palmeiras ou de xaxim, sobrepostas para dar conforto. Todas as manhãs de sol, essas folhas eram colocadas para fora para conservarem a higiene e a limpeza do próprio lar. O calor dos raios solares sobre as folhas, que eram viradas de tempos em tempos, afastava bactérias e insetos, que poderiam ser nocivos ao corpo humano.

A fartura de pinhão, o fruto da araucária, era tamanha, que os kaingangs aprenderam a armazenar os mesmos em grandes cestos colocados dentro d’água para que não fossem contaminados por insetos ou larvas. Também, aprenderam a cozinhar o pinhão em água ou assar em fogueiras de grimpas. O pinhão era degustado cru, cozido, assado ou moído principalmente no inverno, quando as demais frutas oferecidas pela região ficavam escassas. 

Os kaingangs tinham um amplo conhecimento do que a natureza que estava ao seu redor podia-lhes oferecer. Comiam, além das frutas, peixes, larvas comestíveis, mel, pólen, e várias espécies de raízes. É verdade que havia divergências entre tribos. Segundo Mabilde, “o único alimento que não era livre, como acesso a todas as tribos, era o pinhão. Ao nível do social, os espaços coletivos eram demarcados por eles, impondo regras de comportamento e limites, que quando transgredidos, motivaram conflitos, muitas vezes, sangrentos” (Mabilde, 1983, p. 125).

Os kaingangs, no que se refere à região de Curitibanos, viviam desfrutando do que a natureza lhes oferecia, até os primeiros contatos com os bandeirantes, que nada mais eram do que homens que incursionavam pelos sertões do interior do Brasil em busca de metais e pedras de valor. Também tinham como objetivo, contatar e catalogar as etnias indígenas, bem como, a localização das aldeias. Camargo (2016) afirma que o primeiro registro do local é datado do ano de 1679, quando o bandeirante Guilherme Dias Cortes partiu de Corityba (Curitiba), em excursão ao sul. Segundo a tradição, nessa viagem, o bandeirante foi dando nomes a muitos lugares, quando chegou numa determinada região, chamou-a de “Campo dos Coritybanos”. Não se tem informações adicionais relacionadas, que respondam, por qual razão Cortes chamou o lugar assim, a não ser a mais usual e tradicional, de que talvez foi para homenagear a sua comitiva, que era proveniente de Curitiba. Entretanto, qualquer outro local, no seu itinerário ou percurso, poderia ser chamado “dos Coritybanos”.

Aqui, há a necessidade de uma explicação adicional com relação às informações anteriores. É questionável a informação de que o bandeirante Guilherme Dias Cortes denominou uma região localizada no planalto catarinense de “Campo dos Coritybanos”, simplesmente porque o próprio município de Curitiba ainda não havia sido fundado. Tal fato só ocorreu em 29 de março de 1693, 14 anos após a incursão de Cortes para o sul. E mais, quando o município que seria a capital paranaense foi fundada, teve o nome de “Nossa Senhora da Luz dos Pinhais”. O nome Corityba foi implantado somente em 1721. A mudança do nome da vila e da rotina do pequeno povoado, ocorreu a partir da data da visita do Ouvidor Raphael Pires Pardinho. Ele foi, provavelmente, a primeira autoridade a preocupar-se com a preservação do meio ambiente da região urbana. 

Dessa forma, se em 1679, não existia o município de Corityba. Se não existia, nem a vila com esse nome, como foi que Guilherme Dias Cortes, denominou uma região com o nome de “Campo dos Coritybanos”? Aqui, no presente texto, o autor preservou as informações tradicionais, mas não o fez sem antes levantar um importante questionamento quanto à veracidade dos fatos. É plausível que com o avançar dos anos, com as novas tecnologias de digitalização de antigos documentos, com a arte da paleografia utilizando aplicativos dotados de Inteligência Artificial, que decifram escritos cursivamente antigos, algumas verdades apareçam e suplantem tradicionais inverdades. Enganos passados de geração a geração, oralmente ou até mesmo, a partir de uma falsa narrativa, copiada e ampliada sucessivamente por terceiros.

Em Curitibanos, o autor trava uma luta constante para disseminar algumas dessas inverdades. Os indígenas que viviam no sul do Brasil, abriram caminhos naturais que somente eles próprios conheciam. Algumas tribos e etnias eram nômades, ou seja, não permaneciam por muito tempo num só lugar. Alguns caminhos levavam a milhares de quilômetros, desde o oceano Atlântico até o Pacífico. Também conhecidos como “os caminhos do Peabiru”, foram utilizados, a partir do século XVI, pelos indígenas das etnias guaranis, kaingangs e xetá, além dos incas, espanhóis, portugueses, jesuítas e aventureiros. Esse caminho cruzava o estado do Paraná e ia até o Peru. As palavras “Peya Beyu” em tupi-guarani, aportuguesado como Peabiru, tem um significado: “caminho gramado amassado”. Era um caminho utilizado para comunicação entre as centenas de aldeias existentes.

A partir do ano de 1501, expedições portuguesas e espanholas costearam o continente sul-americano. O Rio de La Plata (Rio de Prata) “passou a ser uma via de importância na ocupação do continente sul-americano, onde se deslocaram várias expedições” (Schüler Sobrinho, 2000, p. 53). Com a descoberta desse importante rio navegável, os exploradores espanhóis fundaram, em 15 de agosto de 1537, o povoado de “Nuestra Señora Santa María de la Asunción”, conhecida hoje como Asunción, capital do Paraguai. O mérito da escolha do local se dá a Juan Salazar de Espinosa, chefe de uma dessas expedições espanholas.

Coube a um homem chamado Álvar Nuñez Cabeza de Vaca, em outubro de 1541, a façanha de percorrer pelos caminhos do Peabiru, partindo da Ilha de Santa Catarina até o norte, na entrada do Rio Itapocu, perto de Joinville. Depois, seguindo pelo mesmo caminho, até 14 de janeiro de 1542, quando chegaram às margens do grande rio Iguaçu. Álvar Nuñez mandou então homens até Asunción com mensagens aos oficiais que lá residiam, anunciando a sua chegada. Chegando em Asunción tomou posse como novo Governador e Capitão Geral do Adelantado do Río de La Plata.

Desde essa época, o povoado de Asunción prosperou. Foi a principal capital do continente sul-americano. O envolvimento dos guaranis em atritos ocorridos entre os portugueses e os espanhóis durou séculos. De acordo com Schüler Sobrinho, 2000, p. 132, após quase 150 anos depois que os portugueses descobriram o Brasil, utilizando-se de uma dessas trilhas ou caminhos no meio das matas, um grupo de portugueses miscigenados abandonou, em 1644, a cidade de Asunción, no Paraguai. Esse grupo desceu o Rio Paraná e, em 1646, se instalou na região que compreende atualmente o território dos municípios de Campos Novos e Curitibanos. Como viveram, do que viveram não se têm notícias. O que se sabe é que esses foram os primeiros homens de sangue não “indígena-­puro” que viveram na região. Sabe-se ainda que conseguiram sobreviver às intempéries da natureza, aumentando grandemente em número populacional.

Portanto, quando os primeiros bandeirantes em busca de metais preciosos chegaram à região central do que seria o estado de Santa Catarina, já havia povoamento de pessoas mestiças. Uma informação bem importante e que, muitas vezes, foi negligenciada, quando Antonio Correia Pinto de Macedo chegou na região, para fundar a Villa de Nossa Senhora dos Prazeres das Lajens, encontrou, no local, em 1766, cerca de 5 mil habitantes (Schüler Sobrinho, 2000, p. 23, 26 e 146). Esses, compostos de brancos miscigenados com indígenas que habitavam a região, provindos dos entrepostos dos antigos bandeirantes do século XVII, além dos kaingangs nativos. Essas pessoas viviam mais no estilo indígena do que no europeu. Quando submetidos aos trabalhos forçados na vila de Lages, fugiram e se estabeleceram no meio-­oeste catarinense, nas barrancas dos rios Marombas e do Peixe. Outros, foram mais para o oeste, para os lugares onde hoje é a região de Xanxerê e Chapecó.

Dessa forma, aprendemos aqui, que os primeiros conquistadores da região de Curitibanos, após a presença dos indígenas kaingangs, foram homens brancos miscigenados, provenientes de Asunción, capital do Paraguai. A fundação da Villa de Nossa Senhora dos Prazeres das Lajens, na sua atual localização, se deu em 22 de maio de 1771. A partir daí, esse puro sertão tornou-se convidativo para o homem branco desbravador.

Um dos primeiros núcleos de povoamento do interior de Santa Catarina foi a vila de Coritybanos. Isso se deu no início do século XIX, entretanto, como já visto, o local é de origem muito antiga e remonta às primeiras trajetórias de povoamento abertas pelos desbravadores, que vieram para o Sul do país (remanescentes de Asunción e bandeirantes), ainda no século XVII. 

O locutor fraiburguense, Osmar Antonio do Valle Ransolin, em seu episódio de Podcast que trata da história do “Pouso dos Curitibanos”, relata: 


Na expansão territorial das Américas, a coroa portuguesa fundou em 1680, no extremo sul do Uruguai, um posto avançado denominado de Colônia do Sacramento. A cidade murada foi construída no estuário Leste do Rio da Prata, praticamente como um contraponto à cidade de Buenos Aires, que ficava no lado oposto, e que havia sido estabelecida cem anos antes pelos espanhóis. A Colônia de Sacramento ficava muito distante das áreas centrais de colonização portuguesa, por isso, a coroa mandou que fosse aberto um caminho pelo litoral, facilitando assim, a conexão entre Sacramento e Laguna. Esse trajeto saía do Sul do Uruguai, contornava o litoral gaúcho e alcançava a cidade catarinense de Araranguá, seguindo ainda pelo litoral de Santa Catarina e depois para Curitiba. A rota tropeira, ao longo do mar, oferecia poucas opções de pastagem onde o gado pudesse ser invernado, enquanto se deslocava, levando a um desgaste desnecessário dos animais. De igual forma, como as regiões litorâneas já fossem mais habitadas, estavam os tropeiros sujeitos ao aprisionamento das manadas, principalmente por piratas e bandoleiros. Era necessária a abertura de um novo caminho, que permitisse levar o gado por campos mais vistosos e distantes do litoral (Ransolin, 2021). 


É atribuído ao Sargento-Mor, Francisco de Souza Faria, “o intrépido”, a abertura de um caminho ou rota que ligava o Morro dos Conventos, na cidade litorânea de Araranguá, ao planalto catarinense (Caminho dos Conventos), bem como o Rio Grande do Sul aos pontos conhecidos mais ao norte (Curitiba). Para isso, ele deveria seguir um caminho que permitisse cruzar pelo interior do sertão catarinense. Nessa época, a região do Meio-Oeste de Santa Catarina integrava a Capitania de São Paulo. Em 1730, cerca de 180 anos após o ano de 1550, quando o Brasil começou a ser colonizado, a Capitania de Santa Catarina, uma das mais antigas do país, era composta por três cidades: Desterro, São Francisco do Sul e Laguna. Lages ainda não existia. Esse feito da abertura do Caminho dos Conventos foi executado entre os anos de 1728 a 1730. Lessa (1995), escreveu que entre 1731 e 1735, o tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu passou pelo local que hoje é o território de Curitibanos, com cerca de 3 mil animais, divididos em lotes, composta de gado e 800 mulas lideradas por uma égua madrinha e 130 peões escalonados em diversas funções, provenientes do território da Colônia do Sacramento, com destino às minas de Vila Rica, nas Minas Gerais, local onde vendeu a tropa a “peso de ouro”. (Luz, 1952, p. 27) confirma essa afirmação. Segundo Lemos (1983, p. 34), “provavelmente, foi nesse tempo que se firmou um lugar chamado de ‘Pouso dos Coritybanos’, pois em 1737, apareceu esse nome num mapa feito pelo Padre Diogo Soares”. A palavra “pouso” significa, um lugar de descanso, de repouso, de pernoite. Os antigos tropeiros tinham lugares específicos e adequados para acomodar os rebanhos pelo tempo suficiente para uma recomposição de forças, até que pudessem prosseguir viagem. Havia obstáculos naturais que impediam as viagens dos tropeiros, por exemplo, uma sequência de dias chuvosos, quando os rios enchiam e tornavam as suas travessias impossíveis. Era necessário esperar o nível das águas baixar, somente assim, poderiam prosseguir. Enquanto isso, pernoitavam ou pousavam nesses lugares pré-escolhidos. Os campos de Curitibanos foram apenas mais um desses lugares.

Dois caminhos foram importantes para que houvesse a ligação comercial entre o Sul e o Norte, o Caminho dos Conventos e o Caminho de Viamão. Segundo o escritor caçadorense Nilson Thomé (2012):


O Caminho de Viamão, também designado como "Estrada Real", a mais utilizada, partia de Viamão, atravessava os campos de Vacaria, Lages, Correia Pinto, Curitibanos, Santa Cecília, Papanduva, Monte Castelo, Mafra, Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Sengés, Itararé, alcançando Sorocaba.


A história de Curitibanos está intrinsecamente ligada à história da vizinha cidade de Lages, de onde teve o seu território desmembrado. Lemos (1983, p. 50) escreveu que em 1770, após duas frustradas tentativas, a freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres das Lajens foi fundada na sua atual localização. António Correia Pinto de Macedo foi o fundador. Ele tinha autorização, em 1766, do Governador da Capitania de São Paulo, Dom Luís António. Em troca do seu serviço ao império, seria condecorado com o “Hábito de Cristo” (Comenda). A convocação dos novos moradores, deu-se segundo o costume da época, quando um novo povoado era criado, por um bando (toque de caixas).

Entre os homens que compunham a comitiva de António Correia Pinto de Macedo, estava o Capitão António Jozé Pereyra. Todo o território entre Curitiba e o Rio Pelotas era denominado de “Campos Geraes de Corityba”. Como já citado, a região era habitada por indígenas da etnia kaingang. Em 1777 vieram os paulistas e os coritybanos (moradores de Corityba), com o Regimento Militar, com a finalidade vigiar a fronteira e estabelecer feitorias ao longo do Caminho das Tropas.

Na região onde atualmente, está localizado o território do município de Curitibanos, de acordo com Popinhaki (2021, p. 65-66) “o feitor foi o Capitão António Jozé Pereyra, o primeiro dono da então Fazenda dos Coritybanos”.


(...) entre Rio Negro e Lages. Em cada posto foi designado um feitor para adquirir e fornecer sal e mantimentos para o sustento das tropas que por ali passavam. Esse sal e esses mantimentos eram disponibilizados especificamente para o apoio e o pleno funcionamento do tropeirismo, com a promessa de ressarcimento pelo Rei de Portugal, coisa que não acontecia na sua plenitude. Alguns feitores de postos receberam muito tardiamente essa conta e outros nunca receberam o que venderam, causando enormes transtornos financeiros aos primeiros moradores dos pousos.


O proprietário da Fazenda dos Coritybanos, no dia 27 de setembro de 1773, presidiu a Sessão da Câmara de Lages. De acordo com Lemos (1983, p. 35), “viveu na sua fazenda e administrou a feitoria até 1779, quando faleceu”. Após a morte do fundador e feitor, a fazenda foi vendida pelos herdeiros a João Xavier de Souza, também membro da Câmara de Lages, que em 1783 residiu com a sua família na “Fazenda dos Coritybanos”, ano em que ocorreu uma invasão de bugres (indígenas botocudos) ao imóvel. Ransolin (2021) explicou que os indígenas que viviam na região do planalto catarinense eram Tupis, das tribos kaingangs, mas que na região leste de Curitibanos, também habitavam os botocudos, das tribos xoklengs, que se mantinham em constante conflito com os kaingangs e que também atacavam os birivas (nativo da região serrana) e suas tropas. Esse triste acontecimento, na Fazenda dos Coritybanos, pode ter causado desgosto e abandono do local por parte da família Xavier de Souza. Com o passar dos anos, “correu a afirmação” no meio dos estudiosos da história, de que todos os moradores foram mortos pelos invasores. O local foi então completamente abandonado.

Por algumas décadas, não se teve nenhum registro do local chamado Coritybanos, com exceção de um trecho de uma carta referenciada no livro da escritora curitibanense Zélia de Andrade Lemos (1983, p. 72) que diz: “Dos cachorros aos Curitibanos — 2 léguas, pequenas restingas de mato e campos espaçosos, onde houveram já estâncias…”. Popinhaki (2021, p. 68) discorre sobre esse texto:


Cada légua equivale a cerca de 5 quilômetros. Se arredondarmos para 5, partindo da margem do Rio dos Cachorros em direção Norte, seguindo o caminho das tropas até o hipotético lugar onde estava localizada a sede dessa “Fazenda dos Coritybanos” seriam 10 quilômetros. E seria um local ao Sul ou Sudeste do que é hoje o perímetro urbano da cidade de Curitibanos, pois se medirmos com os equipamentos e ferramentas disponíveis ao nosso alcance atual, das margens do Rio dos Cachorros, dá em linha reta entre 15 a 20 quilômetros de distância até o perímetro urbano atual, dependendo da posição inicial e final da medição.


Lemos (1983, p. 72) cita que em 1807, o governo paranaense resolveu conduzir povoações no território que considerava seu, seguindo o caminho das tropas, sendo uma delas, nos Campos dos Curitibanos. Novas levas de pioneiros decidiram se estabelecer no local. As rotas tropeiras haviam se solidificado no planalto central. Todavia, o lugar ainda era pertencente ao território da Capitania de São Paulo, e consequentemente, à Comarca de Curitiba e a parte interiorana do que seria a Província de Santa Catarina, todo o território, que anos depois, foi objeto de litígio judicial (Questão dos Limites/Contestado), era subordinado a essa Capitania até 1820. 

Philippi (2000, p. 139) diz que:


Os tropeiros de Curitiba escolheram esse local como o “Pouso” principal, justamente por ser um ponto de convergência dos caminhos que vinham do “maior celeiro da América do Sul em gado bovino, equino e muar”. Aos arredores havia ótimos campos de pastagem natural, uma profusão de capões repletos de pinheiros e abundante aguada. Assim, os fazendeiros que tropeavam do Rio Grande do Sul, encontravam bastante largueza para dispor seu gado e coordenar seus negócios sem precipitação.


Segundo o mesmo autor, “não demorou para que o Pouso dos Curitibanos começasse a atrair gente de mais longe: fazendeiros, criadores, lavradores, comerciantes e outros profissionais apropriados ao meio, iniciando-se, assim, o povoado”. Logo ergueram uma capelinha sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição dos Coritybanos. Caminhos vicinais foram abertos e a integração com outros centros foi questão de pouco tempo. No final do século XVIII e início do século XIX, outro importante caminho das tropas chegou até Curitibanos, aquele que cruzava o Rio Uruguai pelo Passo do Pontão.

Nenhuma outra informação foi encontrada sobre o local até o ano de 1829, quando, segundo Nascimento (1993, p. 80), “em 1829, o Capitão do Exército Imperial, José Ferreira Bueno, expediu um Ofício à Câmara de Lages, solicitando um padre para catequizar 29 indígenas, que manifestaram o desejo de permanecer no novo povoado dos Coritybanos”, fundado no início do século XIX. A escritora e pesquisadora Zélia de Andrade Lemos escreveu que “atualmente, mais um dado de grande valor histórico para nós, veio juntar-se: a primeira notícia do Povoado dos Curitibanos”. As informações a que se referiu, foram colhidas do Arquivo Nacional pelo pesquisador catarinense Walter Fernando Piazza. Tais informações revelaram que o lugar teria tido o seu começo, mais ou menos no ano de 1800, visto existir um pequeno aglomerado de casas em 1829, citado no documento, onde diz que a “povoação é nova”. Ransolin (2021) confirma, em seus estudos, que no início do século, “novas levas de pioneiros buscaram se estabelecer no local”. Nesse período já havia um amplo sistema de colonização no interior do país, bem como a construção de várias rotas tropeiras.

Lemos (1983, p. 75) afirma que as primeiras posses foram registradas no cartório de Lages. O local, chamado de “Campo dos Curitibanos” e de “Pouso dos Curitibanos”, em regra, tornou-se um ponto obrigatório para as comitivas. Inicialmente, devido à existência de campos nativos e de capões propícios para invernadas, esses tropeiros juntaram algum dinheiro e requisitaram extensões de terras devolutas. Um dos primeiros campos foi o do Guarda-Mor. Com o dinheiro arrecadado, o tropeiro comprava o título de posse do governo e delimitava o seu campo, geralmente utilizando rios, ao invés de cercas. Ransolin (2021) afirma que “essa posse era exercida, ora com a ciência da Coroa, ora, sem a ciência dela”.

O próximo registro de um povoado chamado Coritybanos foi anotado pelo escritor francês Alexandre Dumas, no registro das memórias de Giuseppe Garibaldi. Dumas (1860, edição de 2010, p. 87) citando as palavras de Garibaldi, diz que “Coritybanos, espécie de colônia estabelecida pelos habitantes de Corityba”.

A convivência com os nativos não foi fácil, desde a fundação do povoamento, até a formalização do local, ocorrida da seguinte forma, com suas respectivas datas: em 22 de março de 1864, através da Lei Provincial n.º 535, o local passou à categoria de “Freguesia”, com a seguinte denominação: “Nossa Senhora da Conceição dos Coritybanos”. Em 19 de julho de 1867, o governo provincial criou, através do Decreto n.º 3.896, um esquadrão de Cavalaria da Guarda Nacional, para atuação nas freguesias de Campos Novos e Coritybanos. Em 27 de abril de 1869, através da Lei Provincial n.º 612, foi fixado os limites da freguesia, dois meses depois, em 11 de junho de 1869, através da Lei Ordinária Provincial n.º 626/1869, o local foi desmembrado do território de Lages, constituindo um novo município. Nessa ocasião, o povoado foi elevado à categoria de “Villa”, sendo denominado de “Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Coritybanos”.

De acordo com Ransolin, 2021: 


Em 1869, a vila de Curitibanos foi emancipada do município de Lages, e passou a ser independente politicamente. Durante todo esse período, aprofundaram-se as tropeadas e a vila se tornou um próspero centro comercial. Note-se que para os padrões da época, o desenvolvimento em condições tão adversas, como mencionado anteriormente, se deu de forma muito rápida, e especialmente considerando que a tendência da ocupação dos espaços não era a concentração urbana, mas sim a instalação de fazendas e estâncias nos grandes espaços de campos. A partir da emancipação da vila, o desenvolvimento de Curitibanos ganhou ainda mais força, e em pouco tempo, já contava com casas de comércio, armarinhos e armazéns.


Philippi (2000, p. 140) escreveu que o desenvolvimento do comércio local se formou por meio de um tropeirismo regional, onde levavam no lombo dos burros e muares para o litoral catarinense, Sorocaba, Rio de Janeiro e São Paulo, queijo, couros secos, charque, lãs, crinas e chifres. De lá traziam sal, açúcar, arroz, trigo, café, ferramentas, calçados, tecidos, aguardente e outros gêneros de consumo. O autor ainda anotou que ainda saíam da vila de Curitibanos, gado leiteiro e de corte.

Lemos (1983, p. 168) diz que o município de Curitibanos foi instalado oficialmente somente em 7 de maio de 1873, com a eleição e posse da primeira Câmara de Vereadores ou Conselheiros e a inauguração do Paço Municipal, chamado na época de Casa da Câmara e Cadeia. No acervo do Museu Histórico Antonio Granemann de Souza de Curitibanos existe um atestado assinado por Theodoro Ferreira de Souza, o primeiro Juiz Municipal, que equivale ao que hoje seria o prefeito ou mandatário municipal. Lá, diz:


Attesto debaixo do juramento do meo cargo que a primeira sessão da Câmara Municipal deste Novo Termo de Coritybanos, teve lugar no dia 7 de maio de 1873. Coritybanos, 22 de agosto de 1874. Ass. Theodoro Ferreira de Souza.


De acordo com Lemos (1983, p. 172), a palavra “Termo” significava que Curitibanos, embora município, continuava como Termo e não sede de Comarca, Curitibanos era “Termo da Comarca de Lages”. O Juiz Municipal dava as decisões, juntamente com o Conselho ou Câmara e atuava, como se fosse um substituto do Juiz de Direito, que trabalhava nas sedes de Comarca. Somente em 19 de abril de 1875, através da Lei Provincial n.º 745, foi criada a Comarca de Coritybanos. A sede da Comarca foi instalada em 1º de fevereiro de 1877.

Infelizmente, por razões adversas, inclusive, devido a um incêndio na vila de Curitibanos em 26 de setembro de 1914, as informações, com precisão, dos nomes dos primeiros mandatários de Curitibanos foram perdidas, salvando-se os nomes de alguns deles em jornais antigos e digitalizados, facilitando a pesquisa. Os primeiros mandatários da vila de Curitibanos foram o coronel Theodoro Ferreira de Souza, que foi conselheiro da vila de Lages e teve papel crucial no desmembramento do território, em 1869. No ano de 1880, o  Dr. Hermínio Augusto de Medeiros era Juiz Municipal em Curitibanos (Jornal O Estado, 9 de janeiro de 1922, p. 3). No ano de 1883, mais precisamente com informações de 29 de dezembro de 1883, o Presidente da Câmara ou Conselho de Curitibanos era Estácio Borges da Silva Mattos. O Juiz Municipal em exercício era o 1.º Suplente, Generoso do Espírito Santo (Jornal "O Despertador" 30 de janeiro de 1884, Ano XXII, n.º 2.169, p. 4). No ano de 1884, o Bacharel Justiniano Raimundo Freire era Juiz Municipal em Curitibanos (Jornal Cearense, 11 de março de 1884, n.º 56, p. 1); 1892 ­ No dia 9 de janeiro de 1892, reuniram­-se, a população de Curitibanos em frente ao prédio da Intendência, local onde estavam perfilados dois batalhões do Exército Brasileiro, um de Infantaria, composto de 300 homens e o outro, de Cavalaria, com 200. Aguardavam o novo Presidente da Intendência para fazer a devida promessa de adesão à Junta Governativa de Santa Catarina e à República. São citados dois nomes nessa Ata, do Juiz de Direito, Bráulio Rômulo Colônia e de Marcos Gonçalves de Farias. Esse último conclamou o povo a aderir à causa republicana, sob intensos aplausos. Isso leva a conjecturas de que, possivelmente, Marcos Gonçalves de Farias era o novo “Presidente da Intendência” de Curitibanos, nessa época (Jornal do Commercio, 26 de janeiro de 1892, Ano XII, n.º 274, p. 2). No ano de 1892, houve eleições em Curitibanos, o Partido Federalista venceu, todavia, não sabemos o nome dos eleitos (Jornal do Commercio, 8 de dezembro de 1892, n.º 239, p.1). No ano de 1893, mais precisamente, com informações de 14 de abril de 1893, o Presidente da Câmara ou Conselho de Curitibanos era João Goetten (Jornal do Commercio, 27 de abril de 1893, n.º 57). No ano de 1895, conforme texto da Resolução Ordinária Estadual n.º 4496, temos a informação de que o governador do Estado nomeou Henrique Paes de Almeida (Sênior), para o cargo de Superintendente Municipal de Coritybanos, João Severo de Oliveira para o cargo de Presidente da Câmara ou Conselho, Pedro Nolasco da Cruz Bastos para o cargo de Intendente (Jornal Republica, 13 de janeiro de 1893, n.º 12, p. 1). No ano de 1899, mais precisamente, com informações do dia 1.º de janeiro de 1899, assumiu como Presidente da Câmara ou Conselho de Curitibanos, Gustavo Túlio dos Santos (Jornal República, 18 de janeiro de 1899, n.º 15, p. 1). No mesmo ano de 1899, no dia 28 de junho de 1899, há uma concessão transcrita posteriormente, no Livro Tombo da Paróquia de Curitibanos, de terreno urbano para uso dos Padres, assinada por Eliziário Paim de Souza. Entretanto, não há informações desse nome nos registros oficiais conhecidos de que fez parte da Câmara ou Conselho de Curitibanos, ou que tenha sido uma das pessoas encarregadas pela gestão do município. O texto no Livro Tombo foi escrito, provavelmente na época de Frei Rogério Neuhaus, décadas após essa concessão de terras (Livro Tombo da Paróquia Imaculada Conceição de Curitibanos, p. 36).

Uma importante batalha dentro da Revolução Farroupilha foi travada em janeiro de 1840 em solo curitibanense, às margens do rio Marombas. Cinquenta e três anos depois, novamente o território do município foi palco de conflito armado.

A Revolução Federalista foi uma guerra civil que ocorreu entre os anos de 1893 e 1895, pouco depois da Proclamação da República, em 1889. O início do período republicano era conhecido como “República da Espada”, pois o governo federal era formado por militares. No Rio Grande do Sul, o governo estadual era centralizador, exercido pelo Presidente do Estado.

Descontentes com esse governo, um grupo denominado de Federalistas (também chamados de maragatos), contrários ao sistema presidencialista, queria a formação de um governo parlamentarista, com mais autonomia dos Estados Nacionais. Almejando a deposição de Júlio de Castilhos, Presidente do Rio Grande do Sul na época, os maragatos, liderados por Gaspar da Silveira Martins e Gumercindo Saraiva, lutaram contra os Republicanos (também chamados de pica-paus, chimangos, castilhistas ou legalistas), que apoiavam o governo.

A Revolução Federalista foi um dos conflitos mais violentos ocorridos no sul do país, sendo que os combatentes lutavam entre si sem misericórdia. Era famoso, por exemplo, o ato conhecido como “degola”, onde se cortava a garganta dos prisioneiros de guerra, visando vingança e causando terror no inimigo. Essa prática foi usada pelos dois lados nos combates. Estima­-se que 28 cerca de mil homens, dos dez mil mortos do conflito, morreram dessa forma.

Na Revolução Federalista não havia a intenção dos gaúchos invadirem Santa Catarina. As forças comandadas pelos maragatos, Coronel Salgado, Aparício e Gumercindo Saraiva encontravam-­se nos campos da Vacaria, à espera da Divisão­-Norte, para dar­-lhes combate na fazenda de Ignácio Velho, no caminho das tropas. Essa Divisão­-Norte, há algum tempo, os perseguiram, sob o comando do General Lima e de Pinheiro Machado. Sentindo a aproximação dessas forças republicanas, Gumercindo, contra a opinião dos demais comandantes, decidiu avançar sobre o planalto catarinense, isso ocorreu no dia 6 de novembro de 1893. Nesse mesmo dia, a Divisão-­Norte também atravessou o Rio Pelotas e entrou em Santa Catarina, acossando os revolucionários na altura do Rio Lava­-tudo. Nesse momento, houve a divisão das forças federalistas, Gumercindo seguiu para Lages e Salgado foi para a região da cidade de Tubarão.

Chegando em Lages, passou no Passo do Rio Canoas, na estrada que vinha à Curitibanos, onde travou um combate de dois dias, 18 e 19 de novembro de 1893, após atravessar as extensas matas de Curitibanos, onde teve que sustentar vários outros pequenos combates, por tratar­-se de invasão territorial. No Passo do Rio Canoas, houve vários mortos e feridos de ambas as forças. Os antepassados dos curitibanenses contavam que até mesmo na sede da vila de Curitibanos, se ouviram o ribombar dos canhões, durante aqueles dois dias. 

Sempre perseguidos pelos legalistas, os revoltosos entraram em Curitibanos acampando nos campos da Fazenda Estância Nova, na região oeste (próximo de onde está o Aeroporto de Curitibanos). Imediatamente, emissários de Gumercindo, procuraram o comandante da Guarda Nacional da pequena vila, que na época era o Major Marcos Gonçalves de Farias. O maragato Gumercindo, acreditava que conseguiria ajuda e reforço para o seu exército de revoltosos. O major Marcos tinha sob o seu comando 200 homens, entretanto, recebeu ordens do coronel Córdova, de Lages, para dispersar o grupo gaúcho. O senhor Francisco Carneiro de Farias, neto do Coronel Marcos, explicou que “a solidariedade com os gaúchos terminou quando estes invadiram Santa Catarina, aqui se lutava por um movimento Pacífico”. 

Ao saber que Marcos Farias dispersara o grupo de emissários, o chefe revolucionário exigiu dele, dois “vaqueanos” (guias) para os acompanhar e mostrar-­lhes o caminho até Blumenau, onde, segundo Gumercindo, o movimento federalista era importante. Marcos Farias concedeu-­lhe os dois vaqueanos, sendo um deles, o conhecido morador da vila e membro da Guarda Nacional, Sergílio Paes de Farias. A missão desses dois era guiar os maragatos pela difícil e única estrada que havia, feita a picada, que na localidade de Ponte Alta, desviava para a tenebrosa Serra dos Pires, onde os indígenas e outros perigos infestavam o caminho. 

Antes disso, entretanto, enquanto estavam acampados nos arredores de Curitibanos, deu­-se um fato que poderia ter terminado em tragédia, se não fosse a esperteza do vaqueano Sergílio Paes de Farias. Esse curitibanense, afilhado do então Major Marcos Farias, ouviu casualmente, quando o chefe revolucionário confabulava a respeito da traição do comandante da Guarda Nacional da vila de Curitibanos, e apavorou-­se quando ouviu Gumercindo dizer no seu linguajar meio Castelhano, que “era preciso voltar à vila e decepar-­lhe a cabeça”.

Sem perder tempo, o arrojado vaqueano apresentou-­se ao comando, pedindo permissão para voltar à vila, onde deixara algumas roupas que precisava levar, assegurou­-lhes que voltaria imediatamente, enquanto o seu companheiro ficaria no acampamento. Com a permissão concedida, montou a cavalo e alcançou a vila a galope, chegando na casa de Marcos Farias, este se encontrava em reunião com os seus dois maiores amigos e também membros da Guarda Nacional, Francisco Ferreira de Albuquerque e Francisco José de Oliveira Lemos, irmão da sua esposa. Avisado da ameaça, o major Marcos preparou às pressas o melhor cavalo e acompanhado pelos dois amigos, fugiu rumo a Corisco (atual Santa Cecília), onde o outro cunhado seu, o coletor Antônio Manoel de Oliveira Lemos, tinha residência no Passa Dois. Ao sair da vila, porém, Marcos Farias deparou-­se com uma mulher, e fingindo naturalidade, gritou-­lhe: “se alguém me procurar, diga que subi por aqui” — e indicou­-lhe o rumo contrário. Mais tarde, essa mulher contou, que não demorou meia hora, os revoltosos gaúchos cercaram a Praça da República.

Com a constante ameaça da Divisão­-Norte, Gumercindo abandonou a ideia de capturar o major Marcos Gonçalves de Farias e seguiu para Blumenau, alcançando Indaial em 6 dias de extenuante viagem. Essa foi a participação de Curitibanos na chamada Revolução Federalista. 

Sergílio Paes de Farias e o outro vaqueano que não sabemos o nome, foram obrigados a seguir com a tropa de Gumercindo Saraiva até o litoral catarinense. Depois, lutaram ao lado dos maragatos na Lapa, onde foram derrotados. Finda a batalha em solo paranaense, conseguiram retornar para Curitibanos. Já o major Marcos Gonçalves de Farias, ficou escondido até a posse do novo presidente do Brasil, Prudente de Moraes, que apaziguou e acabou com a Revolução Federalista. Os pica-paus, criaram terror, em contraponto aos maragatos, mataram muitas pessoas em diversas vilas e cidades. Essa revolução também ficou conhecida como a “Revolução da Degola”, pois os maragatos e os chimangos utilizaram, sem escrúpulos, essa prática de execução, na maioria das vezes, sem provas, julgamento e regras claras, somente pela desconfiança. Alguns lugares, onde houve execuções em série, ficaram conhecidos como “Capão da Mortandade” e “Lagoa da Mortandade”. Em Curitibanos, na Fazenda Estância Nova e lugares nos arredores, houve degolamento de vários desafetos. Isso, de ambas as partes.

Quanto à chamada "Guerra do Contestado", o município de Curitibanos teve um importante e fundamental papel nesse conflito social, ocorrido entre os anos de 1912 e 1916. É importante que os leitores saibam que a famosa “Guerra do Contestado”, também chamada de “Guerra Santa de São Sebastião”, “Guerra dos Fanáticos” e outros nomes, teve seu estopim aceso em solo curitibanense.

Havia perambulando pelos sertões da região, eremitas e curandeiros, que professavam ensinar algumas lições divinas aos ignorantes e analfabetos moradores dos locais mais afastadas dos centros urbanos. Eram conhecidos como “monges”. O município de Curitibanos, por sua localização na época, já era um lugar afastado e isolado. A sua divisa ao oeste era o Rio do Peixe e depois dessa, as terras contestadas que estavam sob os olhos do Paraná. Somente em 1916 é que o Estado de Santa Catarina demarcou as linhas divisórias e tomou a forma como conhecemos presentemente. Muitos foram os monges e muitas foram as suas caras ou faces. Atualmente, pelo menos três monges são conhecidos dos historiadores como pessoas distintas e diferentes. 

Na metade do Século XIX apareceu pela região um eremita de nome João Maria de Agostini. Era italiano de Piemonte. “Alimentava-­se tão somente de raízes e de frutos, e dormia sobre uma tábua. Possuía na mão esquerda três dedos aleijados. Então, um dia ele sumiu, e houve lendas a respeito da sua morte.” O povo acreditava que ele ressuscitaria. Segundo esse mesmo povo, ele de fato ressuscitou. 

Reapareceu no ano de 1880 com outra cara, mas com a mesma missão anterior. Misturava o português com o espanhol, e na mão esquerda não apresentava nenhum defeito de aleijado. Esse, dizia que seu nome era João Maria de Jesus. Era muito influente. Uma parcela considerável da população nunca havia estado na sua presença. Entretanto, seus feitos se espalharam como a poeira ao vento, em todas as direções. Muitos eram os milagres e as curas atribuídos ao poder desse monge. 

Pelo ano de 1910, o monge, profeta e santo sumiu novamente, mas antes disso, prometeu que retornaria. Não demorou muito e ele mais uma vez retornou na figura de José Maria, o terceiro monge. O primeiro era João, o segundo era João, mas o terceiro era José, entretanto, todos, Maria. Diferiam, por serem pessoas distintas, mas para o sertanejo eram a mesma pessoa. Essa era a crença comum. 

Na localidade de Taquaruçu, interior de Curitibanos, no dia 6 de agosto de 1912 realizou­-se a tradicional festa do Senhor Bom Jesus. Entre os convidados estava José Maria com ideias revolucionárias e golpistas, atentando contra a República e a favor da volta do Império. O superintendente de Curitibanos era o Coronel Francisco Ferreira de Albuquerque. Ao ser informado de grande aglomeração no Taquaruçu, solicitou que José Maria se apresentasse na vila, para explicações. Antes disso, José Maria fugiu para as terras além do Rio do Peixe, para os campos do Irani. Naquele lugar, houve a primeira batalha da Guerra do Contestado. 

Antes da partida, José Maria disse aos demais que permaneceram no Taquaruçu, que ele morreria, mas que o povo se reunisse naquele mesmo lugar, na mesma época do ano, em 1913, pois retornaria com os exércitos encantados de São Sebastião. Dessa forma que os monges antecessores sumiram e prometeram voltar, José Maria antes de ir para os campos de Irani, também prometeu voltar. É de se presumir que por causa dessa promessa, os fundadores da Irmandade Cabocla imaginaram e aguardaram ansiosamente a volta do monge. 

Dito e feito, no Irani, José Maria foi morto, poucos meses depois da morte do monge, já se alastrava o fanatismo pelo advento de João Maria ou José Maria, que desaparecera. 

No ano de 1913, uma grande multidão de pessoas se dirigiu para o Taquaruçu, acreditando que José Maria e o exército encantado pudesse ajudar-­lhes. Eram pessoas, que foram expulsas de suas terras, por ocasião da construção da Estrada de Ferro São Paulo/Rio Grande, desempregados da ferrovia e da madeireira americana Lumber, mateiros, crentes, fanáticos e ignorantes. Pessoas que tinham e que não tinham recursos financeiros, também acreditaram na promessa da volta do monge. 

Foi preciso o uso das forças do exército, com a mobilização de 6 mil homens para pôr fim a esse conflito social, que só terminou em 1916, com a morte do último líder da Irmandade Cabocla. 

Nesse meio tempo, Curitibanos foi incendiada em 26 de setembro de 1914, por uma turba de 200 homens, sob o comando de um guerrilheiro chamado Agustin Perez Saraiva, apelidado de “Castelhano”. Mais de duas dezenas de casas foram incendiadas. As sedes dos jornais “O Trabalho” e “O Planalto” foram destruídas. Documentos do cartório foram queimados e espalhados na lama daqueles chuvosos dias. A população de Curitibanos teve que fugir para os matos que ficavam na baixada que hoje está localizada a Igreja das Testemunhas de Jeová. A sede administrativa de Curitibanos (Casa da Câmara e Cadeia) também foi incendiada e destruída. 

Aqui, temos uma breve explicação sobre os acontecimentos que se relacionaram com o município de Curitibanos, lembrando que, praticamente, quase todo o conflito se deu em terras curitibanenses, uma vez que o seu território era imenso, indo, ao norte, até o Rio Iguaçu. A vila de Canoinhas pertencia para Curitibanos. Para encerrar essa etapa, estima-­se que morreram mais de 10 mil pessoas nesse conflito social. Muitos assassinados, de fome e de doenças, como o tifo, ocasionado pela falta de higiene e sujeira.

Os anos que se seguiram foram de reconstrução, de um lento progresso, apesar do município ter se tornado um importante polo madeireiro. A distribuição de renda não foi igualitária ou uniforme. Alguns poucos fazendeiros e proprietários de terras concentraram suas riquezas, enquanto a grande maioria da população ficou desprovida, sendo operários e funcionários das centenas de serrarias existentes.

Hoje, o local chamado Curitibanos é uma cidade próspera, moderna e segura. Há mais de uma década, a vida dos curitibanenses mudou notavelmente. Os mais antigos lembram de uma cidade que foi o polo madeireiro nos anos das décadas de 1950/1980, lembram de uma cidade de ruas sem pavimentação, de uma cidade que foi, além da capital da madeira, também, a capital do alho, da nectarina e do cabo de vassoura. Lembram de uma cidade que não tinha meios de se combater um incêndio, pois não havia estrutura de Corpo de Bombeiros. Também lembram que o hospital Frei Rogério era precário e atendia somente casos simples. As emergências, que necessitavam de cirurgias um pouco mais complexas, eram encaminhadas para outros centros. 

Felizmente, esses tempos sombrios ficaram para trás, nos anais da história. A partir de 2013, numa grande coalizão de partidos políticos, foi deixado de lado as rixas e as disputas ideológicas-­partidárias para dar lugar ao anseio de se fazer as obras que os curitibanenses sempre mereceram. Ruas foram pavimentadas, escolas foram construídas, postos de saúde foram edificados nos bairros, houve a implantação do esgotamento sanitário, comparável às melhores cidades brasileiras. Grandes galerias para escoamento de águas pluviais foram enterradas sob as vias públicas, aliviando o temor dos moradores em dias de chuvas torrenciais, quando tinham as suas residências alagadas pela 54 invasão das volumosas águas, pois não havia tubulação subterrânea dimensionada para suportar o volume das águas pluviais. 

O povo estava cansado de brigas político-partidárias, onde os anseios eram geralmente deixados de lado sob a bandeira de entraves oposicionistas. A relação de obras construídas nos últimos 10 anos é extensa e não pode ser tabulada aqui, por falta de espaço. Historicamente, em Curitibanos, as disputas nos pleitos eleitorais sempre foram de natureza acirrada, sendo várias vezes proclamado o vencedor com um número mínimo de diferença em relação ao segundo colocado. 

Ainda há muito por realizar, isso é incontestável. Mas uma coisa é certa, a Curitibanos de hoje, não tem nada a ver com a Curitibanos daqueles tempos sombrios, dos conflitos, das guerras, dos caminhos e das estradas esburacadas do interior e também, dos descasos com os estudantes, com os esportistas e com a saúde. 

Hoje, temos em Curitibanos, uma infraestrutura invejável para muitas outras cidades do mesmo porte. Temos aeroporto, hospital de qualidade, batalhão do corpo de bombeiros e da polícia militar. Temos em implantação um local de lazer e de prática de esportes, o Jardim Botânico, que será um dos mais lindos e acolhedores do estado de Santa Catarina. Nos últimos anos foi construído o maior conjunto habitacional do estado para pessoas de baixa renda, o Loteamento Nova Alvorada, com 550 lotes e a edificação de 300 casas. Além da implantação do Loteamento Santa Felicidade, que contemplará espaço para a construção de mais 556 moradias. 

Não havia um local onde os produtores rurais pudessem comercializar seus produtos. Não havia, agora tem um moderno Mercado Público, onde além dos produtores rurais, pequenos empresários podem oferecer seus produtos e serviços à população, um lugar aconchegante e que já se tornou um “point” para encontros e negócios. 



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