Algumas
pessoas que estão trabalhando na cidade de Curitibanos, funcionários de
empresas, que estão asfaltando algumas ruas, ampliando a usina hidrelétrica
Pery, ou elaborando projetos técnicos, ao lerem alguns artigos meus, pediram-me
para escrever algo sobre o comércio de Curitibanos. Segundo estas pessoas, que
na sua maioria, são de outras cidades, há algumas singularidades no comércio
local, diferentes do que eles estão acostumados a ver em suas cidades.
Eles
reclamaram que alguns lojistas locais estão abusando dos preços de suas
mercadorias. Me deram um exemplo, alguns proprietários de lojas de vestuário,
aqui de Curitibanos compram uma calça em São Paulo, na Rua 25 de março, por 20
ou 30 reais e revendem a mesma calça por cerca de 90 reais em Curitibanos. Isso
sem nenhum critério de cálculo para a formação do preço de venda. O pior é que
eu fui verificar com três comerciantes locais, pedindo-lhes: “Como o senhor calcula o seu preço de
venda?” As respostas foram assim, dois comerciantes me disseram que colocam
o dobro do preço para a venda, por causa dos impostos. Outro disse, que
conforme o produto, não havendo similares na concorrência, coloca três vezes o
valor pago como preço de venda.
Ora,
essa não é a forma correta para a formação de preço de venda. É necessário que
o comerciante esteja familiarizado com os regimes de tributação: Simples
Nacional, Tributação normal e o regime de Lucro Presumido. Ainda, é necessária
a elaboração de tabelas ou planilhas de despesas, custo fixo, custo variável,
impostos incidentes sobre a mercadoria e todo um sistema de controle, como
fluxo de caixa, Mark up, Ponto de
Equilíbrio e margem de Contribuição.
É
complexo para alguns. Mas garanto-lhes, que todo comerciante, que conseguir ter
os dados do seu empreendimento nas suas mãos, saberá com segurança, se está
obtendo lucro ou não.
Não
é só o preço de venda que é um problema no comercio local. O que citarei a
seguir, eu mesmo já encontrei até em capitais. Se existe algo que me irrita é
ir num mercado, comprar, pagar um preço mais caro do que o normalmente
praticado, chegar no caixa e constatar que o proprietário não usa uma
impressora fiscal e sim uma calculadora comum para somar as compras dos
clientes. Tem vários mercadinhos que usam este método em Curitibanos. Como
disse, não só aqui, mas é uma prática totalmente ilegal. Eu procuro evitar
entrar nestes estabelecimentos.
Dias
atrás, eu desabafei para o proprietário de um destes mercados: “Seu preço deveria ser mais baixo do que o
praticado pela concorrência. Pelo que vejo, o senhor não emite cupom fiscal,
sendo assim, há indícios de sonegação, mas percebo que seus preços são até mais
elevados do que os da concorrência, que emitem cupom fiscal”.
Muitas
pessoas fomentam a sobrevivência destes estabelecimentos, que podem ser
mercadinhos, botecos, bares, açougues. Geralmente
eles estão em bairros isolados da cidade. A clientela é cativa. São os
moradores do próprio bairro. Na hora de uma necessidade, acabam por fazer
pequenas compras, ficando reféns destes estabelecimentos. Eu até suspeito que
alguns destes pequenos proprietários compram nos grandes supermercados de
Curitibanos, aproveitando-se de alguma promoção e revendem alguns de seus produtos.
A
inexistência ou erro, de cálculo de formação de preço de venda, fica explícita
até mesmo em alguns supermercados tradicionais. Não tem lógica, um produto que
é industrializado há mais de 1400 quilômetros ser mais barato, do que o mesmo
produto de outra marca, industrializado cerca de 80 quilômetros de Curitibanos.
Estou falando de uma marca específica de leite longa vida encontrada num
supermercado da cidade. Não precisa de muito conhecimento para saber que um dos
fatores que elevam os preços é justamente o frete. Este texto serve como um
alerta para os comerciantes locais. Pessoas que passam por aqui, observam o
comportamento dos comerciantes e seus preços.
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