quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O PREÇO DE VENDA NO COMERCIO LOCAL



Algumas pessoas que estão trabalhando na cidade de Curitibanos, funcionários de empresas, que estão asfaltando algumas ruas, ampliando a usina hidrelétrica Pery, ou elaborando projetos técnicos, ao lerem alguns artigos meus, pediram-me para escrever algo sobre o comércio de Curitibanos. Segundo estas pessoas, que na sua maioria, são de outras cidades, há algumas singularidades no comércio local, diferentes do que eles estão acostumados a ver em suas cidades.
Eles reclamaram que alguns lojistas locais estão abusando dos preços de suas mercadorias. Me deram um exemplo, alguns proprietários de lojas de vestuário, aqui de Curitibanos compram uma calça em São Paulo, na Rua 25 de março, por 20 ou 30 reais e revendem a mesma calça por cerca de 90 reais em Curitibanos. Isso sem nenhum critério de cálculo para a formação do preço de venda. O pior é que eu fui verificar com três comerciantes locais, pedindo-lhes: “Como o senhor calcula o seu preço de venda?” As respostas foram assim, dois comerciantes me disseram que colocam o dobro do preço para a venda, por causa dos impostos. Outro disse, que conforme o produto, não havendo similares na concorrência, coloca três vezes o valor pago como preço de venda.
Ora, essa não é a forma correta para a formação de preço de venda. É necessário que o comerciante esteja familiarizado com os regimes de tributação: Simples Nacional, Tributação normal e o regime de Lucro Presumido. Ainda, é necessária a elaboração de tabelas ou planilhas de despesas, custo fixo, custo variável, impostos incidentes sobre a mercadoria e todo um sistema de controle, como fluxo de caixa, Mark up, Ponto de Equilíbrio e margem de Contribuição.
É complexo para alguns. Mas garanto-lhes, que todo comerciante, que conseguir ter os dados do seu empreendimento nas suas mãos, saberá com segurança, se está obtendo lucro ou não.
Não é só o preço de venda que é um problema no comercio local. O que citarei a seguir, eu mesmo já encontrei até em capitais. Se existe algo que me irrita é ir num mercado, comprar, pagar um preço mais caro do que o normalmente praticado, chegar no caixa e constatar que o proprietário não usa uma impressora fiscal e sim uma calculadora comum para somar as compras dos clientes. Tem vários mercadinhos que usam este método em Curitibanos. Como disse, não só aqui, mas é uma prática totalmente ilegal. Eu procuro evitar entrar nestes estabelecimentos.
Dias atrás, eu desabafei para o proprietário de um destes mercados: “Seu preço deveria ser mais baixo do que o praticado pela concorrência. Pelo que vejo, o senhor não emite cupom fiscal, sendo assim, há indícios de sonegação, mas percebo que seus preços são até mais elevados do que os da concorrência, que emitem cupom fiscal”.
Muitas pessoas fomentam a sobrevivência destes estabelecimentos, que podem ser mercadinhos, botecos, bares, açougues.  Geralmente eles estão em bairros isolados da cidade. A clientela é cativa. São os moradores do próprio bairro. Na hora de uma necessidade, acabam por fazer pequenas compras, ficando reféns destes estabelecimentos. Eu até suspeito que alguns destes pequenos proprietários compram nos grandes supermercados de Curitibanos, aproveitando-se de alguma promoção e revendem alguns de seus produtos.
A inexistência ou erro, de cálculo de formação de preço de venda, fica explícita até mesmo em alguns supermercados tradicionais. Não tem lógica, um produto que é industrializado há mais de 1400 quilômetros ser mais barato, do que o mesmo produto de outra marca, industrializado cerca de 80 quilômetros de Curitibanos. Estou falando de uma marca específica de leite longa vida encontrada num supermercado da cidade. Não precisa de muito conhecimento para saber que um dos fatores que elevam os preços é justamente o frete. Este texto serve como um alerta para os comerciantes locais. Pessoas que passam por aqui, observam o comportamento dos comerciantes e seus preços.

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