sexta-feira, 26 de outubro de 2012

NÃO BASTA APENAS CRER


Ultimamente tenho lido e escutado sobre a “Guerra do Contestado” e as comemorações do seu centenário. Observei que há anos, o assunto não sai da boca de algumas pessoas. São historiadores, pseudo-historiadores e moradores da região, onde o conflito ou a chamada “guerra” aconteceu. Elas, de certa forma, tentam sempre tornar vivas, as muitas histórias que lhes foram transmitidas.
Meu artigo é um alerta sobre o assunto. Posso estar enganado, mas creio que não. Com o passar dos anos, alguns personagens, fatos e também os lugares, transformaram-se de concretos para abstratos, se incorporando nas folclóricas tradições regionais. Na quaresma, depois de 100 anos, ainda encontramos procissões, recomendas, responsos e rezas. Também encontramos algumas bizarrices que foram acrescentadas a todo o quadro místico, cada vez mais encorpado conforme os anos passaram. As distorções, adições ou subtrações dos fatos podem levar-nos a uma outra realidade, bem distante do que realmente aconteceu aqui. Chamo a atenção, ao lembrarmos dos eventos, para preservarmos os fatos como ocorreram, sem diminuir ou acrescentar.
Da mesma forma como aconteceu com vários santos católicos, que viveram ao redor do mundo, é bem provável que daqui há não sei quantos anos, apareça algum milagre atribuído a um destes monges do Contestado. Ou até mesmo, quem sabe, atribuída a uma das virgens que, segundo nos foi passado, tinham visões celestiais e davam instruções divinas ao exército de jagunços. Já não falta e não faltará quem cultue estes personagens. Está faltando muito pouco para isso, pois há décadas já existe na região, uma seita, com pessoas que peregrinam e oram na “quaresma”, invocando as “almas”. Se quisermos nos orgulhar de nossos antepassados, que viveram ou participaram do conflito, devemos atentar para os fatos e não para as lendas.
Em nossos dias, cada vez mais cheio de ferramentas para difusão do conhecimento, tudo o que não precisamos é de confusão cultural. Principalmente porque não queremos que nossos descendentes acreditem em mentiras. É fato que os jovens de hoje são mais espertos e não engolem qualquer história sem questionarem, o que não se via em nossos idos tempos de juventude.
Essa região do Contestado foi, por mais de um século, uma região com um grande índice de pessoas culturalmente pobre. As cidades até o dia de hoje figuram, na sua maioria, no final da lista do Ranking do Índice do Desenvolvimento Humano. O cunho extrativista da araucária, uma característica regional, dava a falsa ideia de desenvolvimento. Isso é fato! Nós podemos comparar a região do Contestado com o desenvolvimento das cidades do litoral, onde não foram implantados crendices na cabeça das pessoas. E onde não usaram o extrativismo como única fonte de geração de riquezas.
Acho extremamente importante conservarmos a memória do “Conflito do Contestado”. Mas dentro de uma racionalidade aceitável. É oportuno ensinar que tanto os gananciosos invasores, como os moradores que viviam na região, que foram afetados pelas exigências capitalistas, na construção da Estrada de Ferro São Paulo até o Rio Grande do Sul, foram personagens reais. Homens comuns e que Deus nunca teve nada a ver com um ou outro lado dos envolvidos. Nem estava do lado do Padre Frei Rogério, nem ao lado dos Monges ou das Virgens, se bem que ambos oravam para a mesma divindade. Não temos evidências de que Deus tenha favorecido um ou outro. Os invasores queriam destruir a floresta em troca de dinheiro e por ganância. Os moradores também eram extrativistas. Dentro de um controle demográfico, poderiam subsistir, sem danos aparentes. Mas isso seria apenas por um período de tempo. Se não houvesse o conflito, eles se multiplicariam, negociariam e acabariam por também destruir a floresta. Consumiriam a floresta, com toda a sua fauna e a flora, mesmo que isso levasse 100 anos. Fica o meu alerta, antes de divulgarmos algo sobre o Contestado sem a devida comprovação. História é história, merece respeito!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

REDUÇÃO DOS JUROS

O Governo Federal, através do Comitê de Política Monetária do Banco Central – COPOM e do Ministério da Fazenda vêm gradativamente diminuindo a taxa básica de juros, a chamada Selic. Atualmente ela está fixada em 7,25%. Essa taxa é o referencial para outras taxas aplicadas em instituições financeiras. Quando a taxa Selic é alta, os bancos que estão operando no Brasil cobram juros exorbitantes dos seus clientes. Cobram também juros por serviços prestados às pessoas que não são clientes bancários, como por exemplo, juros por atraso de duplicatas. Por isso, essas instituições têm lucros elevados ano após ano.
Essa situação vem na contramão do resto do mundo capitalizado. Na Europa, por exemplo, algumas instituições financeiras passam por situações extremas para manterem-se operando. Muitas não conseguem mostrar lucratividade. Bancos gregos, espanhóis e portugueses recentemente foram rebaixados por agências que medem o risco para investidores. Estes bancos perderam a credibilidade que tinham adquirido há anos. Alguns, há mais de um século.
Quando os juros estavam nas alturas no Brasil, era comum a entrada de dinheiro volátil, através de aplicações e compras de títulos por parte de estrangeiros especuladores. Tínhamos uma falsa ideia de segurança. As reservas cambiais ficavam instáveis. De um dia para outro, entravam ou esvaiam bilhões de dólares, conforme as transações especulativas do mercado financeiro. Em outubro de 1997 chegamos a praticar uma taxa de 45,67%. Muitos brasileiros sofreram com estes juros astronômicos: Empresas que administram cartões de crédito e bancos usaram a seu bel-prazer essas taxas.
Como disse anteriormente, hoje a taxa de juros Selic está fixada em 7,25% e tenta se adequar ao resto do mundo. O Brasil aposta, com este procedimento, diminuir a arbitragem ou, em outras palavras, a operação de compra e venda de valores negociáveis, como títulos e dólares. Também usa esse procedimento para manter a moeda americana estabilizada em paridade ao Real.
Para quem exporta, o ideal é que o dólar esteja sempre valorizado e a nossa moeda desvalorizada. Para quem importa, o contrário é o ideal. Para os consumidores, o dólar alto é um problema e pode causar inflação. Medicamentos, alimentos e utensílios de uso geral ficam mais caros. Ficando mais caros, caracterizam aumento de preços. Conforme a oferta e demanda, as dificuldades aumentam porque as pessoas precisam dispor de mais recursos para adquirir estes produtos.
O Ministro da Fazenda Guido Mantega disse que o Brasil, ao reduzir a taxa de juros, tenta se equiparar aos demais parceiros do hipotético bloco econômico chamado BRICS, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. É hipotético, porque apesar de existir nome e alguns acordos bilaterais, ainda não foi formalizado entre todos os envolvidos. As discussões defendidas pelos dirigentes destes países é que este bloco se solidifique. Que faça frente à União Europeia que protege suas transações comerciais com subsídios, encargos e medidas antidumping.
As taxas de juros menores devem ser percebidas pelos usuários de cartões de crédito e de cheques especiais. O conselho dado por especialistas é de que as pessoas tentem se controlar e não entrar nos juros anunciados, mesmo que sejam menores do que os de anos anteriores. A realidade é outra, mas juros são sempre juros. Passando de 1% já é de ficar na cautela e com o pé atrás.
Ainda existem muitas armadilhas no mercado financeiro, como por exemplo, propagandas que oferecem produtos financiados a juros zerados. Só que quando o cliente vai ver, tem que pagar uma certa importância a título de Taxa de Abertura de Crédito – TAC. Então não tem juro zero. Tem engodo financeiro e publicitário. Trata-se de pura propaganda enganosa. Hoje, as pessoas são logradas se quiserem, porque há muita informação disponível quanto às técnicas praticadas no mercado financeiro.
O meu conselho é o mesmo de muitos economistas cautelosos. A linha de pensamento é de prudência. Façamos nossas negociações, todas com a maior lucidez.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

CÁLCULO DO QUOCIENTE ELEITORAL E PARTIDÁRIO


ELEIÇÃO PARA VEREADOR - CÁLCULO DO QUOCIENTE ELEITORAL E PARTIDÁRIO

1.      Quociente Eleitoral:
Forma de cálculo: número de votos válidos computados na eleição para vereador (nominais e nas legendas) divididos pelo número de vagas, desprezada a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um se superior (art. 106 do Código Eleitoral).
Exemplos:
a) - votos válidos = 11.455 – Número de vagas = 11
b) - votos válidos = 11.458 – Número de vagas = 11

1.1. Exemplo a: 11.455/11 = 1.041, 36 resultando quociente eleitoral igual a 1.041.
1.2. Exemplo b: 11.458/11 = 1.041,63 resultando quociente eleitoral igual a 1.042.

2.      Quociente Partidário:
Forma de cálculo: número de votos válidos (nominais e de legendas) dados a cada partido ou coligação, divididos pelo quociente eleitoral (arts. 107 e 108 do Código Eleitoral).

Tomando-se o exemplo “a”, em que o número de votos válidos é 11.455, resultando quociente eleitoral de 1.041 votos, e que, por hipótese, o Partido "A" obteve 6.247 votos e a Coligação "B" 4.164 votos, computando-se os nominais e na legenda, o quociente partidário seria:
2.1. Partido "A" = 6.246/1.041 = 6 (seis) vagas
2.2. Coligação "B" = 4.164/1.041 = 4 (quatro) vagas
Somadas as vagas distribuídas - 10 (dez) - restaria 1 (uma) vaga a ser preenchida pelo cálculo das sobras.

3.      Sobras:
Forma de cálculo: número de votos válidos (nominais e de legenda) dados a um partido ou coligação divididos pelo número de candidatos a que tem direito + 1.
Tomando-se como exemplo a única vaga a ser preenchida pelo cálculo das sobras no exemplo a, bem como a votação supra mencionada, a 11ª (décima primeira) vaga pertencerá ao partido ou a coligação que obtiver a maior média.
3.1. Partido "A" = 6.246/(6+1) = 6.246/7 = 892
3.2. Coligação "B" = 4.164/(4+1) = 4.164/5 = 833
No exemplo acima, o Partido "A", por ter a maior média de votos, terá a 11ª vaga.
Nota: na eventualidade de existência de mais vagas a serem distribuídas através das sobras, deve-se repetir o mesmo cálculo, para o partido ou coligação que obteve a vaga anterior.
Exemplo: Partido "A" = 6.246/(7+1) = 6.246/8 = 780
Conforme o exemplo acima, a próxima vaga seria da Coligação "B", uma vez que, refeito o cálculo do Partido "A", a média de votos obtida pela referida agremiação partidária seria inferior à da Coligação.

http://www.tre-rs.gov.br/index.php?nodo=339