Está circulando há
alguns meses, na internet e também em algumas casas curitibanenses, alguns
documentários antigos do município de Curitibanos. O título é “Curitibanos 1949 – 1970”. O resgate
histórico foi louvável. É um material muito importante para nossos dias e,
também, para as gerações futuras. Parece-me que estes documentários foram
encomendados por políticos das épocas em questão, pois o exagero em elevar as
suas gestões executivas, à frente da Prefeitura de Curitibanos ficou bem
evidente nas narrações.
Chamou-me a atenção
uma mensagem em todos os vídeos. A da riqueza e prosperidade que o extrativismo
da araucária proporcionaria a toda a população curitibanense. Num dos vídeos, o
suposto crescimento de Curitibanos é comparado com o da cidade de Londrina, no
Paraná. Infelizmente foi uma mensagem negativa! Por mais que na época parecesse
o contrário. Foi comprovadamente, uma mensagem negativa para nós, que vivemos
no século XXI. Entretanto, foi positiva para parte da população, que vivia
aqui, nos anos 50 até 70 do século XX. A visão foi errônea e distorcida, da
geração de riquezas que os pinheirais da época poderiam produzir para a região.
Isso ficou bem claro para nós, com o passar dos anos. Por comparação, qualquer
pessoa pode pesquisar o crescimento de Curitibanos, com o crescimento de alguns
municípios do litoral catarinense, onde a economia não foi fundamentada no
extrativismo. Curitibanos e as cidades que alicerçaram seu crescimento na
extração da madeira mostraram mais pobreza, desigualdades e má distribuição de
renda. O ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) desses municípios
está entre os últimos do Estado de Santa Catarina.
Hoje, as florestas
de araucárias trariam maior riqueza aos curitibanenses, se estivessem em pé, do
que aquela ilusão, que nossos ancestrais projetaram. É lamentável a inversão de
valores ocorrida aqui no planalto catarinense. A despeito de ocupar extensas
áreas, a sua exploração indiscriminada colocou a espécie chamada araucária angustifólia na lista oficial
das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (Brasil, 1992). Dos 20
milhões de hectares originalmente cobertos pela Floresta de Araucária, restam,
atualmente, cerca de 2% dessa área. Particularmente, as serrarias e o uso
industrial foram as principais responsáveis pelo desmatamento.
Quando eu era
criança em Curitibanos, eu encontrava literalmente, uma serraria em cada
esquina da cidade. É exagero, mas havia muitas serrarias mesmo! Isso não é
exagero! Tem um livro, na biblioteca da Universidade do Contestado, em
Curitibanos, que cita um número de 300 serrarias no território do município, em
meados do século XX. As pessoas achavam que nunca se extinguiriam as
araucárias. As terras não valiam muito. O que tinha valor mesmo era a araucária.
Soube mais de uma vez, que alguém comprava as araucárias e levava a fazenda de
graça. Por isso surgiram alguns proprietários de terras em Curitibanos e na
região. A terra não tinha valor. O valor era o que estava em cima da terra.
Que lição nós
podemos tirar com estes vídeos? Em nossos dias, muitos de nossos gestores,
também cometem essa mesma inversão de valores. As pessoas comuns, em suas casas
também erram e invertem valores. Os erros podem ser conscientes ou
inconscientes. Tudo depende da vantagem adquirida. O que é o certo? E o que é o
verdadeiro? Em nossa época, fala-se muito de ecologia, ecossistemas e
preservação ambiental, crescimento sustentável. Uma lição que tiramos é a que,
ao interagir com o meio ambiente e com a natureza, nós temos a obrigação de
sermos sóbrios.
O que é certo e
verdadeiro para minha pessoa, pode não ser o certo e verdadeiro para o meu
vizinho, por exemplo. Tal como nos vídeos, os antigos achavam uma coisa e
comprovamos que eles estavam errados. Nós, em nossos dias, precisamos pensar e
analisar bem as alternativas que são colocadas à nossa frente, para não
errarmos em nossas decisões.
Nossas decisões
podem ser, desde uma simples opção de comprar, entrar em dívidas,
financiamentos, empréstimos pessoais, vender imóveis, ou até mesmo, comprar um
empreendimento. Como disse anteriormente. O certo e verdadeiro para um pode não
ter o mesmo valor para outra pessoa.
As decisões mais
acertadas são aquelas que trazem benefícios para todos. São as chamadas
ganha-ganha. As erradas são as egocêntricas, onde um lado apenas sai ganhando.
São chamadas ganha-perde. A mensagem é ampla e não posso apenas me restringir a
um ponto. Se fossemos entrar a fundo sobre o tema, encheríamos livros. Pensemos
nisso.
O que é absoluta verdade para mim, é que jamais se pensou no amanha e no que nos iriam deixar... Acredito que nossa cidade só perdeu, e ainda está perdendo com a má administração dos recursos ambientais, sem falar na palhaçada que é ver nossos campos e 'ex-matas' naturais, tomada por pinus... na minha opinião Curitibanos não está podendo ser comparada com uma cidade como Londrina e mais, infelizmente a cultura de extrativismo está passando de pais para filhos, o que realmente é lamentável.
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