segunda-feira, 13 de agosto de 2012

INVERSÃO DE VALORES


Está circulando há alguns meses, na internet e também em algumas casas curitibanenses, alguns documentários antigos do município de Curitibanos. O título é “Curitibanos 1949 – 1970”. O resgate histórico foi louvável. É um material muito importante para nossos dias e, também, para as gerações futuras. Parece-me que estes documentários foram encomendados por políticos das épocas em questão, pois o exagero em elevar as suas gestões executivas, à frente da Prefeitura de Curitibanos ficou bem evidente nas narrações.
Chamou-me a atenção uma mensagem em todos os vídeos. A da riqueza e prosperidade que o extrativismo da araucária proporcionaria a toda a população curitibanense. Num dos vídeos, o suposto crescimento de Curitibanos é comparado com o da cidade de Londrina, no Paraná. Infelizmente foi uma mensagem negativa! Por mais que na época parecesse o contrário. Foi comprovadamente, uma mensagem negativa para nós, que vivemos no século XXI. Entretanto, foi positiva para parte da população, que vivia aqui, nos anos 50 até 70 do século XX. A visão foi errônea e distorcida, da geração de riquezas que os pinheirais da época poderiam produzir para a região. Isso ficou bem claro para nós, com o passar dos anos. Por comparação, qualquer pessoa pode pesquisar o crescimento de Curitibanos, com o crescimento de alguns municípios do litoral catarinense, onde a economia não foi fundamentada no extrativismo. Curitibanos e as cidades que alicerçaram seu crescimento na extração da madeira mostraram mais pobreza, desigualdades e má distribuição de renda. O ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) desses municípios está entre os últimos do Estado de Santa Catarina.
Hoje, as florestas de araucárias trariam maior riqueza aos curitibanenses, se estivessem em pé, do que aquela ilusão, que nossos ancestrais projetaram. É lamentável a inversão de valores ocorrida aqui no planalto catarinense. A despeito de ocupar extensas áreas, a sua exploração indiscriminada colocou a espécie chamada araucária angustifólia na lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (Brasil, 1992). Dos 20 milhões de hectares originalmente cobertos pela Floresta de Araucária, restam, atualmente, cerca de 2% dessa área. Particularmente, as serrarias e o uso industrial foram as principais responsáveis pelo desmatamento.
Quando eu era criança em Curitibanos, eu encontrava literalmente, uma serraria em cada esquina da cidade. É exagero, mas havia muitas serrarias mesmo! Isso não é exagero! Tem um livro, na biblioteca da Universidade do Contestado, em Curitibanos, que cita um número de 300 serrarias no território do município, em meados do século XX. As pessoas achavam que nunca se extinguiriam as araucárias. As terras não valiam muito. O que tinha valor mesmo era a araucária. Soube mais de uma vez, que alguém comprava as araucárias e levava a fazenda de graça. Por isso surgiram alguns proprietários de terras em Curitibanos e na região. A terra não tinha valor. O valor era o que estava em cima da terra.
Que lição nós podemos tirar com estes vídeos? Em nossos dias, muitos de nossos gestores, também cometem essa mesma inversão de valores. As pessoas comuns, em suas casas também erram e invertem valores. Os erros podem ser conscientes ou inconscientes. Tudo depende da vantagem adquirida. O que é o certo? E o que é o verdadeiro? Em nossa época, fala-se muito de ecologia, ecossistemas e preservação ambiental, crescimento sustentável. Uma lição que tiramos é a que, ao interagir com o meio ambiente e com a natureza, nós temos a obrigação de sermos sóbrios.
O que é certo e verdadeiro para minha pessoa, pode não ser o certo e verdadeiro para o meu vizinho, por exemplo. Tal como nos vídeos, os antigos achavam uma coisa e comprovamos que eles estavam errados. Nós, em nossos dias, precisamos pensar e analisar bem as alternativas que são colocadas à nossa frente, para não errarmos em nossas decisões.
Nossas decisões podem ser, desde uma simples opção de comprar, entrar em dívidas, financiamentos, empréstimos pessoais, vender imóveis, ou até mesmo, comprar um empreendimento. Como disse anteriormente. O certo e verdadeiro para um pode não ter o mesmo valor para outra pessoa.
As decisões mais acertadas são aquelas que trazem benefícios para todos. São as chamadas ganha-ganha. As erradas são as egocêntricas, onde um lado apenas sai ganhando. São chamadas ganha-perde. A mensagem é ampla e não posso apenas me restringir a um ponto. Se fossemos entrar a fundo sobre o tema, encheríamos livros. Pensemos nisso.

Um comentário:

  1. O que é absoluta verdade para mim, é que jamais se pensou no amanha e no que nos iriam deixar... Acredito que nossa cidade só perdeu, e ainda está perdendo com a má administração dos recursos ambientais, sem falar na palhaçada que é ver nossos campos e 'ex-matas' naturais, tomada por pinus... na minha opinião Curitibanos não está podendo ser comparada com uma cidade como Londrina e mais, infelizmente a cultura de extrativismo está passando de pais para filhos, o que realmente é lamentável.

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