Antonio Carlos Popinhaki
A
educação financeira é indispensável para um gestor e também para o bom
andamento de qualquer empreendimento. Infelizmente, muitas pessoas não
sabem disso, e acabam sofrendo constantes tormentos, pelo excesso de
confiança em seus negócios. Alguns até tiveram contato com o assunto,
mas não deram o devido crédito ou valor ao assunto. Vou explicar melhor.
O Brasil é um país de muitos empreendedores. Todos os dias, brasileiros
de todas as regiões têm ideias para abrir um novo negócio. São cerca de
1,3 milhões de novos empreendimentos anuais que são formalmente abertos
no Brasil. Muitos brasileiros até abandonam seus serviços com carteira
assinada e se aventuram num sonho, de se tornarem patrões de si mesmos.
Empresários e proprietários de uma entidade econômica devidamente
formalizada. Alguns destes negócios faturam grandes somas diariamente e
mensalmente. Outros empreendimentos não se mostram tão atraentes e nem
atendem as expectativas do mercado consumidor. Acabam morrendo e se
tornam parte das estatísticas brasileiras, de que cerca de 30% dos novos
empreendimentos morrem nos dois primeiros anos. As taxas de
sobrevivência estão aumentando, graças ao esforço contínuo do Governo
Federal em disseminar cursos e programas sobre educação financeira,
fluxo de caixa e de gestão de negócios.
Há
15 anos, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -
SEBRAE monitora a sobrevivência das empresas no Brasil. Entre algumas
das ferramentas utilizadas para atingirem a taxa de sobrevivência estão,
desde o registro na Secretaria da Receita Federal para a obtenção do
CNPJ, passando pelas informações da Relação Anual das Informações
Sociais – RAIS até o Cadastro Central de Empresas – CEMPRE, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. A luta pela sobrevivência
é diária e constante! Felizmente nos últimos anos os brasileiros
começaram a ter mais acesso à informação e estão estudando mais. Mesmo
assim há muitos que cometem erros gravíssimos quando o assunto é Gestão
ou Administração de uma entidade econômica (empresa).
Perto
da minha casa, em Curitibanos, presenciei um exemplo dessa natureza.
Uma família abriu um supermercado há poucos anos. Aparentemente o
negócio estava prosperando. Em pouco tempo era visível e notório que
eles tinham uma freguesia invejável. Parecia até que ameaçavam a
cleintela dos maiores supermercados da cidade. Dentro do estabelecimento
havia muitas pessoas comprando e filas intermináveis no açougue e nos
caixas. Havia muitos funcionários, que foram contratados, que tinham a
tarefa de ficarem repondo mercadorias nas gôndolas. As vendas eram
enormes. O que eu notava era que uma grande maioria de fregueses faziam
seus “ranchos mensais”, pois os carrinhos eram abarrotados e as
facilidades de pagamento eram bem atraentes. Os proprietários aceitavam
cheques pré-datados para quase 100 dias. Eu, em mais de uma vez
presenciei pessoas comprando seus “ranchos” e passando cheques
pré-datados para serem descontados com 60 ou 90 dias. Muitas vezes,
essas pessoas já tinham um ou dois cheques de compras anteriores para
serem descontados no estabelecimento. Só que estes cheques não ficavam
no supermercado. Eram negociados e descontados em bancos da cidade de
Curitibanos. Muitos dos clientes do supermercado se perderam em seus
controles e acabaram não honrando seus compromissos. Os cheques sem
fundo começaram a virar um pesadelo para os proprietários do
supermercado.
Mas
não foram somente os cheques sem fundo que foram a causa do fracasso do
empreendimento. Faltou conhecimento em gestão e administração de
empresas. O fluxo de caixa apresentava um volume diário atraente aos
olhos dos proprietários. Eles, em determinados períodos chegaram a
pensar que aquilo era uma verdadeira mina de ouro. Saíram comprando
carros, imóveis e consequentemente, descapitalizando o empreendimento.
Quando o banco e outros credores apertaram o cerco, os donos do
supermercado não tiveram condições de arcar com suas obrigações. Então
vieram as brigas e as discussões entre eles e o negócio não prosperou.
Como disse anteriormente, a educação financeira é indispensável para que qualquer atividade possa ser bem sucedida.
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