sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

LHS – A MORTE DE UM ÍDOLO

Ao se fazer uma análise da história política e de vida do governador Luiz Henrique da Silveira, é necessário separar a sua vida pessoal, que merece respeito, pois se trata de um homem íntegro e retilíneo, com a da sua história política. Esta última, é com pesar que acompanho a morte de um ídolo. Sua trajetória política, do velho MDB, acompanhada de Ulysses Guimarães, Jaison Barreto, Larte Vieira, Dejandir Dalpasquale, Dirceu Carneiro, Juarez Furtado, Pedro Simon, Pedro Ivo Campos, e tantas outras lideranças históricas, dos grandes comícios, grandes campanhas, multidões, diretas-já, resistência contra a ditadura militar, a luta pela redemocratização do país, homem de esquerda, fica só na saudade.
LHS se elegeu governador com um discurso progressista, falando em acabar com as Oligarquias, contra àqueles que apoiaram a ditadura, biônicos, que construíram impérios às custas do Poder Público, dominaram a política catarinense e estiveram no governo federal nos últimos 50 anos. Acreditei neste discurso, mas foi um grande engôdo. Uma vez eleito, os primeiros que foram procurados para compor a sua base aliada, tanto na Assembléia Legislativa, quanto na composição de governo, foram os remanescentes das Oligarquias. Aliou-se com o que há de mais conservador da história política catarinense, o ex-PFL, agora DEM, liderados mais uma vez pelas velhas raposas, incluindo a família Bornhausen que nunca ficaram fora do Poder.
Seguindo a mesma cartilha do poder das oligarquias, age no governo como se fosse um deles: Já se anuncia a privatização da Celesc, nada se fez pelo BESC, restando ao Governo Federal mantê-lo público com a federalização, sua relação com os servidores públicos é autoritária e arrogante, basta ver a forma do tratamento com as Polícias, (militar e civil), com os trabalhadores da educação, saúde e demais servidores.
A única inovação é a descentralização. Uma excelente idéia a descentralização do poder e a participação popular, no entanto, sobrevive graças à propaganda (marketing), pois na prática, na sua operacionalidade, o que se observa, são verdadeiros Comitês Eleitorais implantados em todas as regiões do estado, e cabides de empregos para manter a polialiança. As decisões e liberações de recursos continuam dependendo das decisões da capital, aumentando a burocracia-estatal.
Pelo anunciado, será muito triste ver no mesmo palanque, LHS, Bornhausen, Colombo, Onofre, DEM, porque é o anuncio da morte de um ídolo, e o nascimento de um demagogo, fisiológico e mercenário. Só pensando em se manter no Poder a qualquer preço, nem que o preço seja o sacrifício do seu próprio partido e companheiros, cuja história foi de orgulho para os catarinenses.
Não bastasse isso, LHS é aliado e defensor do sempre suspeito Leonel Pavan, cuja história política é toda associada à escândalos.
Passado 7 anos do seu governo, até o presente momento, não há destaque de políticas públicas e sociais capazes de fomentar um projeto de desenvolvimento sustentável no estado, pelo contrário, sua política de fortalecimento da máquina estatal, além da burocracia político-administrativa que criou em torno das secretarias regionais, não conseguiu sanear o estado, e os recursos que por direito, devem ser distribuídos aos municípios, só não são piores, devidos as políticas e programas do Governo Federal, seja nas rodovias, hidrelétricas, portos e aeroportos, saneamento básico, prevenção de enchentes e recuperação, como os repasses nas áreas de saúde e educação.
LHS se comporta como um monarca na política catarinense. Não recebe em audiência as organizações de trabalhadores e dos movimentos sociais populares. Na relação com o legislativo, como tem maioria na base aliada, a postura dos parlamentares da base é de subserviência. A política é feita de alegrias, conquistas e decepções. Na minha avaliação, mais uma decepção da vida política catarinense.

Aldo Dolberth

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