sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O QUE É SER DE ESQUERDA?



Entender o que é ser de esquerda atualmente, quando partidos de esquerdas estão no governo e partidos que se dizem de esquerdas, estão coligados com partidos da direita na oposição, isso exige um amplo debate.

O debate sobre os rumos da esquerda, está vinculado diretamente com a época do capitalismo e a construção do modelo anticapitalista. E, nestes dois séculos, a esquerda tem uma história de vitórias, de derrotas e de grandes lições.

Considero de esquerda, quem se contrapõe ao capitalismo, e o ideal norteador, é uma esquerda emancipatória, igualitária, libertária, democrática e socialista, cujo projeto inicia com a valorização do ser humano, o ambiente, a democracia e termina com a igualdade em que a economia e o Estado são meios para conquistar uma sociedade justa e feliz.

Para compreender os rumos da esquerda, é necessário fazer uma crítica ao modelo de socialismo autoritário. Não deu certo o modelo de Estado, de partido único, de ditadura do proletariado. Deve-se dizer também que o capitalismo não é, seja nas mudanças circunstanciais ou nas reformas, o modelo ideal para resolver as injustiças sociais da sua própria criação. Por isso a esquerda é anticapitalista, a esquerda não quer colocar o capitalismo no altar dos sonhos e da utopia da liberdade, a esquerda nasceu e se desenvolveu nesses dois séculos, numa visão crítica ao capitalismo.

Quando se chega ao debate sobre o modelo de Estado e um modelo de economia, a situação é muito mais complexa e muito mais difícil. Por isso, a idéia de colocar uma agenda de direitos, uma agenda de mudança substantiva na sociedade humana. Primeiro: no plano dos valores; Segundo: no plano das mudanças materiais; Terceiro: no plano da organização política do próprio Estado.

Para ser de esquerda, identifico três características fundamentais: Primeiro: é ter um lado, o dos explorados, oprimidos, discriminados, excluídos, estar em defesa da vida e do ambiente, e ter esse lado na maneira de governar e de fazer política; Segundo: ter uma causa, portanto, ter objetivos políticos para defender uma sociedade justa, mais igual e democrática; Terceiro: defender um partido socialista, que seja anticapitalista.

Com as contradições inerentes ao processo de construção de uma sociedade democrática, o Brasil, após ter no governo federal, partidos de esquerdas, já se percebe o efeito de uma política de Estado, de desenvolvimento econômico com inclusão social. Há uma nova concepção de políticas sociais antagônicas ao neoliberalismo — o neoliberalismo concebe as políticas sociais como programas de mera assistência social, o que está se construindo, são programas estruturantes de inclusão de pessoas na condição de cidadania.

A política econômica mudou o eixo de apenas juros e política monetária, na medida em que cria elementos de distribuição de renda e na medida em que o Estado é recomposto. Porque o modelo neoliberal apenas regula o mercado para os que estão incluídos e dá assistência para os excluídos. O Estado passou a ser promotor da cidadania, é regulador do projeto nacional, fiscalizador e indutor de políticas de desenvolvimento, crescimento e distribuição de renda, portanto, está se construindo outra visão de Estado.

A esquerda brasileira, optou por um caminho reformista, gradual, que deve ter começo, meio e fim. Por isso, a esquerda brasileira tem uma tarefa, que é resgatar a política como uma ação humana transformadora da sociedade, na medida em que o modelo neoliberal transformou a política em escrava das relações de mercado e das relações financeiras.

É necessário dar à política, o status de transformadora, com projetos, com alternativas, ideais e valores. A cada dia tem-se que lutar pelos sonhos, daquilo que possa mudar a sociedade humana, que possa ganhar corações e mentes para esse projeto de vida, emancipatório de homens e mulheres para se ter uma sociedade justa, mais ordenada e mais feliz.  



Aldo Dolberth

Nenhum comentário:

Postar um comentário