segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE GERAR ENERGIA ELÉTRICA PARA CURITIBANOS

Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Enquanto o Governo do Presidente Getúlio Vargas estava articulando a estatização da Southern Brazil Lumber and Colonization em Três Barras, no município de Curitibanos, nesse mesmo período, especificamente no ano de 1938, populares do local reuniram-se e decidiram instalar uma usina energética à lenha. A ideia inicial era gerar energia elétrica para Curitibanos. As informações históricas nos contam que num dia de janeiro do ano de 1938, às 19 horas, se acenderam pela primeira vez na história, algumas lâmpadas em Curitibanos. De acordo com os escritos do Frei Valentim Tambosi, em seu livro “Franciscanos em Curitibanos”, na página 55, encontramos: “em março, já muitas casas tinham ‘aposentado’ as lâmpadas de querosene. A matriz (igreja sede) tinha retirado os lampiões e colocado lâmpadas. A alegria não durou. Na noite de 30 para 31 de março queimou tudo. Assim que começou o incêndio, tocaram-se os sinos da matriz durante meia hora para prevenir a todos. Mas de nada adiantou. Não sobrou nada”. A usina energética à lenha se consumiu pelo fogo.

Naqueles anos, era muito comum nas cidades emergentes como Curitibanos, incêndios ocasionados por descuido do manuseio do fogo. Fogões à lenha, velas, lampiões e lamparinas eram causadores desses sinistros. Em 1941, houve uma nova tentativa de geração de energia elétrica para Curitibanos, dessa vez, com carvão. Não demorou muito e a usina queimou novamente. Uma lástima! A usina ficava na esquina da rua Hercílio Luz com a rua Conselheiro Mafra. Hoje, não há sequer nenhuma evidência dessa usina.

As atividades industriais na localidade de Marombas, não ficavam só na indústria de papelão das famílias Bula, Sbravatti e outros. Depois de algum tempo (1946), uma sociedade (dentre esses, também os proprietários da indústria de papelão), fundou a “Força e Luz Curitibanense”, onde implantaram a primeira usina hidrelétrica instalada numa das muitas quedas existentes no Rio Marombas, que funcionou regularmente até a chegada da energia do Salto Pery em 1965. 

Frei Valentim Tambosi escreveu sobre esse evento: “Depois de muita procura, descobriram-se duas pequenas quedas de água no Rio Marombas. Com muito trabalho, montou-se uma pequena usina hidráulica. Deu certo. Mas um madeireiro influente ligou nela a sua serraria. Consequência: a força era tão fraca que, de dia, só funcionava a serraria. Ouvir rádio, ter luz só era possível à noite, depois de 9 horas, quando se desligava a serraria, e aos domingos”. De qualquer forma, os homens que idealizaram o empreendimento energético merecem todo o respeito e o reconhecimento. 

Com a energia elétrica, houve progresso. Quando eu era criança, nos anos 70, havia muitas pessoas na cidade, principalmente os de idade mais avançada, que se referiam a Curitibanos como uma “vila”. Essa alusão foi findando e deixou de ser citada com a transformação progressiva de características da vila para a condição de cidade. Não me refiro apenas na ordem legislativa, mas também física. Com casas bem-acabadas, ruas pavimentadas e energia elétrica em abundância, Curitibanos deixou de ser uma mera “vila” e tornou-se uma “cidade” de verdade. 

Hoje, infelizmente, nem as ruínas da empresa Força e Luz Curitibanense restaram. A hidrelétrica encerrou as suas atividades no ano de 1965. No local, recentemente, construíram uma nova usina, moderna e eficiente. Muitas pessoas foram favoráveis pela manutenção e restauração do local, transformando o imóvel, mesmo as suas ruínas, num museu histórico, dado a importância que a localidade de Marombas representou para o povo curitibanense no século XX. Todavia, isso não foi possível.


Referência para o texto:


TAMBOSI, F. Valentim. Franciscanos em Curitibanos. São Paulo: Edições Loyola, 1993, (páginas 108-109).


Também publicado em:


POPINHAKI, Antonio Carlos. Popiwniak / Antonio Carlos Popinhaki. - Blumenau: 3 de Maio, 2015. 173 p.


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