quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DICAS PARA UM USO EQUILIBRADO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO.

Recebi este texto de uma aluna do curso de informática e resolvi colocar no blog. Trata-se do uso do computador em escolas.

1- É importante encorajar desde cedo uma atitude equilibrada e crítica em relação ao computador. Ele não deve ser visto como assustador ou complexo demais. Da mesma forma, a informática não pode ser encarada como a solução para os problemas do ensino 

2- Ao contratar uma consultoria para a informatização da escola, é importante checar a experiência dos profissionais em projetos semelhantes. A vivência apenas em projetos corporativos pode não ser suficiente. 

3- É importante lembrar que o computador pode ajudar a melhorar, mas jamais substituirá a inteligência humana. 

4- Os educadores precisam estar alertas para o fato de que no computador é muito fácil simplesmente recortar e colar um texto ou qualquer outro tipo de documento para um trabalho escolar. 

5- Assim como nos títulos multimídia, a qualidade do material disponível na Web também é variada. Nem tudo é correto ou atualizado. 

6- O conteúdo computadorizado deve adequar-se ao ensino-e não o contrário. 

7- No caso do uso individual do computador por alunos e professores, é necessário ter cuidado para não entrar em choque com a orientação da escola. 

8- A multimídia e outras formas de ensino computadorizado estimulam a curiosidade dos estudantes.

9- Um aluno aprende muito mais quando ele mesmo pesquisa as informações que lhe interessam. A computação facilita muito a implementação desse princípio. 

10- Os programas de planilhas também podem ser usados na escolas. Mas requerem um nível de conhecimento técnico superior ao de usuários leigos. 

Maria Lizete Zanoello Guerios.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

CAÍ NO MUNDO E NÃO SEI COMO VOLTAR

Eduardo Galeano
Jornalista e escritor uruguaio

Isto é demais: bem escrito, bem lembrado, na dose certa do humor, na emoção, enfim, tudo deu certo neste texto.
Ele é um dos maiores escritores do mundo. Leiam, divirtam-se, reflitam nas verdades.

O que acontece comigo é que não consigo andar pelo mundo pegando coisas e trocando-as pelo modelo seguinte só por que alguém adicionou uma nova função ou a diminuiu um pouco…
Não faz muito, com minha mulher, lavávamos as fraldas dos filhos, pendurávamos na corda junto com outras roupinhas, passávamos, dobrávamos e as preparávamos para que voltassem a serem sujadas.
E eles, nossos nenês, apenas cresceram e tiveram seus próprios filhos se encarregaram de atirar tudo fora, incluindo as fraldas. Se entregaram, inescrupulosamente, às descartáveis!
Sim, já sei. À nossa geração sempre foi difícil jogar fora. Nem os defeituosos conseguíamos descartar! E, assim, andamos pelas ruas, guardando o muco no lenço de tecido, de bolso.
Nããão! Eu não digo que isto era melhor. O que digo é que, em algum momento, me distraí, caí do mundo e, agora, não sei por onde se volta.
O mais provável é que o de agora esteja bem, isto não discuto. O que acontece é que não consigo trocar os instrumentos musicais uma vez por ano, o celular a cada três meses ou o monitor do computador por todas as novidades.
Guardo os copos descartáveis! Lavo as luvas de látex que eram para usar uma só vez.
Os talheres de plástico convivem com os de aço inoxidável na gaveta dos talheres! É que venho de um tempo em que as coisas eram compradas para toda a vida!
É mais! Se compravam para a vida dos que vinham depois! A gente herdava relógios de parede, jogos de copas, vasilhas e até bacias de louça.
E acontece que em nosso, nem tão longo matrimônio, tivemos mais cozinhas do que as que haviam em todo o bairro em minha infância, e trocamos de refrigerador três vezes.
Nos estão incomodando! Eu descobri! Fazem de propósito! Tudo se lasca, se gasta, se oxida, se quebra ou se consome em pouco tempo para que possamos trocar.
Nada se arruma. O obsoleto é de fábrica.
Aonde estão os sapateiros fazendo meia-solas dos tênis Nike? Alguém viu algum colchoeiro encordoando colchões, casa por casa? Quem arruma as facas elétricas? o afiador ou o eletricista? Haverá teflon para os funileiros ou assentos de aviões para os talabarteiros?
Tudo se joga fora, tudo se descarta e, entretanto, produzimos mais e mais e mais lixo. Outro dia, li que se produziu mais lixo nos últimos 40 anos que em toda a história da humanidade.
Quem tem menos de 30 anos não vai acreditar: quando eu era pequeno, pela minha casa não passava o caminhão que recolhe o lixo! Eu juro! E tenho menos de ... anos! Todos os descartáveis eram orgânicos e iam parar no galinheiro, aos patos ou aos coelhos (e não estou falando do século XVII). Não existia o plástico, nem o nylon. A borracha só víamos nas rodas dos autos e, as que não estavam rodando, as queimávamos na Festa de São João. Os poucos descartáveis que não eram comidos pelos animais, serviam de adubo ou se queimava..
Desse tempo venho eu.  E não que tenha sido melhor.... É que não é fácil para uma pobre pessoa, que educaram com "guarde e guarde que alguma vez pode servir para alguma coisa", mudar para o "compre e jogue fora que já vem um novo modelo".
Troca-se de carro a cada 3 anos, no máximo, por que, caso contrário, és um pobretão. Ainda que o carro que tenhas esteja em bom estado... E precisamos viver endividados, eternamente, para pagar o novo!!! Mas... por amor de Deus!
Minha cabeça não resiste tanto. Agora, meus parentes e os filhos de meus amigos não só trocam de celular uma vez por semana, como, além disto, trocam o número, o endereço eletrônico e, até, o endereço real.
E a mim que me prepararam para viver com o mesmo número, a mesma mulher e o mesmo nome (e vá que era um nome para trocar). Me educaram para guardar tudo. Tuuuudo! O que servia e o que não servia. Por que, algum dia, as coisas poderiam voltar a servir.
Acreditávamos em tudo. Sim, já sei, tivemos um grande problema: nunca nos explicaram que coisas poderiam servir e que coisas não. E no afã de guardar (por que éramos de acreditar), guardávamos até o umbigo de nosso primeiro filho, o dente do segundo, os cadernos do jardim de infância e não sei como não guardamos o primeiro cocô.
Como querem que entenda a essa gente que se descarta de seu celular a poucos meses de o comprar? Será que quando as coisas são conseguidas tão facilmente, não se valorizam e se tornam descartáveis com a mesma facilidade com que foram conseguidas?
Em casa tínhamos um móvel com quatro gavetas. A primeira gaveta era para as toalhas de mesa e os panos de prato, a segunda para os talheres e a terceira e a quarta para tudo o que não fosse toalha ou talheres. E guardávamos...
Como guardávamos!! Tuuuudo!!! Guardávamos as tampinhas dos refrescos!! Como, para quê?  Fazíamos limpadores de calçadas, para colocar diante da porta para tirar o barro. Dobradas e enganchadas numa corda, se tornavam cortinas para os bares. Ao fim das aulas, lhes tirávamos a cortiça, as martelávamos e as pregávamos em uma tabuinha para fazer instrumentos para a festa de fim de ano da escola.
Tuuudo guardávamos! Enquanto o mundo espremia o cérebro para inventar acendedores descartáveis ao término de seu tempo, inventávamos a recarga para acendedores descartáveis. E as Gillette até partidas ao meio se transformavam em apontadores por todo o tempo escolar. E nossas gavetas guardavam as chavezinhas das latas de sardinhas ou de corned-beef, na possibilidade de que alguma lata viesse sem sua chave.
E as pilhas! As pilhas das primeiras Spica passavam do congelador ao telhado da casa. Por que não sabíamos bem se se devia dar calor ou frio para que durassem um pouco mais. Não nos resignávamos que terminasse sua vida útil, não podíamos acreditar que algo vivesse menos que um jasmim. As coisas não eram descartáveis. Eram guardáveis.
Os jornais!!! Serviam para tudo: para servir de forro para as botas de borracha, para por no piso nos dias de chuva e por sobre todas as coisa para enrolar.
Às vezes sabíamos alguma notícia lendo o jornal tirado de um pedaço de carne!!! E guardávamos o papel de alumínio dos chocolates e dos cigarros para fazer guias de enfeites de natal, e as páginas dos almanaques para fazer quadros, e os conta-gotas dos remédios para algum medicamento que não o trouxesse, e os fósforos usados por que podíamos acender uma boca de fogão (Volcán era a marca de um fogão que funcionava com gás de querosene) desde outra que estivesse acesa, e as caixas de sapatos se transformavam nos primeiros álbuns de fotos e os baralhos se reutilizavam, mesmo que faltasse alguma carta, com a inscrição a mão em um valete de espada que dizia "esta é um 4 de bastos".
As gavetas guardavam pedaços esquerdos de prendedores de roupa e o ganchinho de metal. Ao tempo esperavam somente pedaços direitos que esperavam a sua outra metade, para voltar outra vez a ser um prendedor completo.
Eu sei o que nos acontecia: nos custava muito declarar a morte de nossos objetos. Assim como hoje as novas gerações decidem matá-los tão-logo aparentem deixar de ser úteis, aqueles tempos eram de não se declarar nada morto: nem a Walt Disney!!!
E quando nos venderam sorvetes em copinhos, cuja tampa se convertia em base, e nos disseram: Comam o sorvete e depois joguem o copinho fora, nós dizíamos que sim, mas, imagina que a tirávamos fora!!! As colocávamos a viver na estante dos copos e das taças. As latas de ervilhas e de pêssegos se transformavam em vasos e até telefones. As primeiras garrafas de plástico se transformaram em enfeites de duvidosa beleza. As caixas de ovos se converteram em depósitos de aquarelas, as tampas de garrafões em cinzeiros, as primeiras latas de cerveja em porta-lápis e as cortiças esperaram encontrar-se com uma garrafa.
E me mordo para não fazer um paralelo entre os valores que se descartam e os que preservávamos. Ah!!! Não vou fazer!!!
Morro por dizer que hoje não só os eletrodomésticos são descartáveis; também o matrimônio e até a amizade são descartáveis. Mas não cometerei a imprudência de comparar objetos com pessoas.
Me mordo para não falar da identidade que se vai perdendo, da memória coletiva que se vai descartando, do passado efêmero. Não vou fazer.
Não vou misturar os temas, não vou dizer que ao eterno tornaram caduco e ao caduco fizeram eterno.
Não vou dizer que aos velhos se declara a morte apenas começam a falhar em suas funções, que aos cônjuges se trocam por modelos mais novos, que as pessoas a que lhes falta alguma função se discrimina o que se valoriza aos mais bonitos, com brilhos, com brilhantina no cabelo e glamour.
Esta só é uma crônica que fala de fraldas e de celulares. Do contrário, se misturariam as coisas, teria que pensar seriamente em entregar à bruxa, como parte do pagamento de uma senhora com menos quilômetros e alguma função nova. Mas, como sou lento para transitar este mundo da reposição e corro o risco de que a bruxa me ganhe a mão e seja eu o entregue...
Eduardo Galeano
Jornalista e escritor uruguaio
(Enviado por Email por Dulci Omar Tortato)


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

BANDA LARGA, PREÇO LARGUÍSSIMO

 Luciano Camilo

Eu estava navegando na internet, naqueles 10 minutos de intervalo que a gente se dá no trabalho quando vi uma matéria que comentava o preço do acesso da internet banda larga no Brasil. Se você é aquelas pessoas que ficam nervosas com o disparate que é o custo Brasil, pare de ler agora.
O que se vende no Brasil como banda larga muitas vezes não é, de fato, banda larga. De acordo com a definição da OECD, banda larga são conexões com velocidade acima de 2 mbps.
Uma surpresa para algumas pessoas: mpbs significa mega bits por segundo e não megabytes por segundo. Para converter bits para bytes você precisa dividir o valor por 8. Portanto, 2 mbps tem a velocidade de 256 kb/s e não 2048 kb/s como alguns pensam. E para piorar, nos contratos os operadores se eximem da baixa qualidade com cláusulas de velocidade garantida bem inferior ao valor contratado (veja o contrato do virtua ou do speedy que garantem apenas 10% do valor contratado).
Adicionalmente a isto, o Brasil possui talvez o acesso mais caro do mundo. Uma pesquisa da Telcom mostra que o preço do acesso a banda larga no Brasil chega a custar 400 vezes mais caro que no Japão. Nas duas tabelas abaixo, compilada com informações obtidas diretamente no site das operadoras de internet, mostra o preço do acesso para 1mbps.

País
Provedor
Preço
EUA
TIME WARNER
$ 12.80
Alemanha
FREENET DSL
$ 5.70
França
ORANGE
$ 5.00
Itália
TISCALI
$ 4.30
Reino Unido
TALK TALK
$ 2.80
Japão
YAHOO!BB
$ 1.81
Mundo
Média
$ 5.40

País
Provedor
Preço
Brasil
OI (AM)
$ 716.50
Brasil
AJATO
$ 249.50
Brasil
TELEFONICA
$ 159.80
Brasil
BRASIL TELECOM
$ 239.90
Brasil
OI (RJ)
$ 149.90
Brasil
NET
$ 39.95
Brasil
Média
$ 259.26

Isto mostra claramente que este mercado no Brasil ainda possui baixa competitividade. Isto fica clara pela redução expressiva dos preços encontrada nos grandes centros. De acordo com a pesquisa, os preços caem mais de 70%.

País
Provedor
Preço
Brasil
AJATO
$ 55.00
Brasil
TELEFONICA
$ 26.20
Brasil
BRASIL TELECOM
$ 25.00
Brasil
OI
$ 25.00
Brasil
NET
$ 25.00
Brasil
Média
$ 31.24

Mesmo com o desconto substancial ainda pagamos o acesso mais caro para a internet. R$ 31.24 contra R$ 5.40 do resto do mundo, quase 6x mais caro. E isto sem considerar que não possuímos acesso de alta velocidade!
Como curiosidade, no Japão atual, as casas em sua grande maioria já possuem acesso de pelo menos 60 mbps, velocidade que apenas poucas casas (até onde tenho conhecimento apenas um bairro da capital paulistana) possuem a possibilidade de contratar. Isto é um absurdo!

Fonte: