segunda-feira, 8 de março de 2010

ÊXODO

Conta a história brasileira, o registro da saída do homem do campo para a cidade, principalmente a partir da década de 50, mudando o perfil do país agrícola para o país industrial e urbanizado, chegando hoje ao percentual de menos de 10% da população residente no campo. Este fenômeno é conhecido como êxodo rural. Mas destaco outro fenômeno que está acontecendo em nossa região, não mais do campo para a cidade, e sim, o da migração de pessoas das cidades da região para os centros urbanos maiores em busca de novas perspectivas e de sobrevivência, principalmente para o litoral catarinense. Diante do quadro econômico menos desenvolvido em relação às demais regiões, conforme dados oficiais do CAGED – Cadastro Geral de Empregados Admitidos e Demitidos do Ministério do Trabalho, e também através do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que indica a qualidade de vida nestes municípios, é um sinal que as coisas não vão bem por aqui, comparando com os percentuais de crescimento e desenvolvimento das demais regiões do país. Esta região tem sido a maior exportadora de talentos. Embora os geógrafos não adotem esta denominação, está acontecendo um Êxodo urbano do interior. Em Curitibanos, por exemplo, em média, nascem 1.000 crianças por ano, segundo dados do Cartório de Registro Civil, e nos últimos anos, segundo o IBGE, o número da população estagnou, em alguns casos até diminuiu, devido as pessoas quando chegam na idade do mercado de trabalho, se deslocam para outras cidades que oferecem melhores condições. É cada vez mais comum, encontrar famílias, cujos filhos, quando atingem a idade de 17/18 anos, não encontram perspectivas de mercado de trabalho na região, se deslocam em busca dos empregos temporários no litoral catarinense, e não retornam mais para a cidade de origem, como também, muitos estudantes, saem para estudar, conseguem estágios em empresas ou clínicas, hospitais etc e já iniciam suas vidas profissionais nestes ambientes, não retornando mais para a região. Há uma exportação de talentos da região para os grandes centros. Esta constatação serve como alerta para as “Forças Vivas”, lideranças políticas, comunitárias, empresariais, religiosas, educacionais, de começar a repensar o modelo de desenvolvimento da região. Como a história econômica e social da região se desenvolveu sob os pilares do extrativismo e a agropecuária, sem agregação de valores, o setor industrial que conseguiu se estabelecer, muito aquém das outras regiões, permaneceu utilizando o mesmo setor do extrativismo/agropecuário como base de sustentação. É necessário encontrar alternativas na era do conhecimento, sobre investimentos da área da pesquisa e tecnologia. A UFSC poderá ser a propulsora do acumulo de conhecimentos, para atrair empresas em busca de tecnologia e com espaço para crescer em outros setores ainda não explorados na nossa região.

Aldo Dolberth

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