quinta-feira, 26 de julho de 2012

EXCESSO DE CONFIANÇA

Antonio Carlos Popinhaki 

A educação financeira é indispensável para um gestor e também para o bom andamento de qualquer empreendimento. Infelizmente, muitas pessoas não sabem disso, e acabam sofrendo constantes tormentos, pelo excesso de confiança em seus negócios. Alguns até tiveram contato com o assunto, mas não deram o devido crédito ou valor ao assunto. Vou explicar melhor. O Brasil é um país de muitos empreendedores. Todos os dias, brasileiros de todas as regiões têm ideias para abrir um novo negócio. São cerca de 1,3 milhões de novos empreendimentos anuais que são formalmente abertos no Brasil. Muitos brasileiros até abandonam seus serviços com carteira assinada e se aventuram num sonho, de se tornarem patrões de si mesmos. Empresários e proprietários de uma entidade econômica devidamente formalizada. Alguns destes negócios faturam grandes somas diariamente e mensalmente. Outros empreendimentos não se mostram tão atraentes e nem atendem as expectativas do mercado consumidor. Acabam morrendo e se tornam parte das estatísticas brasileiras, de que cerca de 30% dos novos empreendimentos morrem nos dois primeiros anos. As taxas de sobrevivência estão aumentando, graças ao esforço contínuo do Governo Federal em disseminar cursos e programas sobre educação financeira, fluxo de caixa e de gestão de negócios.  
Há 15 anos, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE monitora a sobrevivência das empresas no Brasil.  Entre algumas das ferramentas utilizadas para atingirem a taxa de sobrevivência estão, desde o registro na Secretaria da Receita Federal para a obtenção do CNPJ, passando pelas informações da Relação Anual das Informações Sociais – RAIS até o Cadastro Central de Empresas – CEMPRE, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. A luta pela sobrevivência é diária e constante! Felizmente nos últimos anos os brasileiros começaram a ter mais acesso à informação e estão estudando mais. Mesmo assim há muitos que cometem erros gravíssimos quando o assunto é Gestão ou Administração de uma entidade econômica (empresa). 
Perto da minha casa, em Curitibanos, presenciei um exemplo dessa natureza. Uma família abriu um supermercado há poucos anos. Aparentemente o negócio estava prosperando. Em pouco tempo era visível e notório que eles tinham uma freguesia invejável. Parecia até que ameaçavam a cleintela dos maiores supermercados da cidade. Dentro do estabelecimento havia muitas pessoas comprando e filas intermináveis no açougue e nos caixas. Havia muitos funcionários, que foram contratados, que tinham a tarefa de ficarem repondo mercadorias nas gôndolas. As vendas eram enormes. O que eu notava era que uma grande maioria de fregueses faziam seus “ranchos mensais”, pois os carrinhos eram abarrotados e as facilidades de pagamento eram bem atraentes. Os proprietários aceitavam cheques pré-datados para quase 100 dias. Eu, em mais de uma vez presenciei pessoas comprando seus “ranchos” e passando cheques pré-datados para serem descontados com 60 ou 90 dias. Muitas vezes, essas pessoas já tinham um ou dois cheques de compras anteriores para serem descontados no estabelecimento. Só que estes cheques não ficavam no supermercado. Eram negociados e descontados em bancos da cidade de Curitibanos. Muitos dos clientes do supermercado se perderam em seus controles e acabaram não honrando seus compromissos. Os cheques sem fundo começaram a virar um pesadelo para os proprietários do supermercado.  
Mas não foram somente os cheques sem fundo que foram a causa do fracasso do empreendimento. Faltou conhecimento em gestão e administração de empresas. O fluxo de caixa apresentava um volume diário atraente aos olhos dos proprietários. Eles, em determinados períodos chegaram a pensar que aquilo era uma verdadeira mina de ouro. Saíram comprando carros, imóveis e consequentemente, descapitalizando o empreendimento. Quando o banco e outros credores apertaram o cerco, os donos do supermercado não tiveram condições de arcar com suas obrigações. Então vieram as brigas e as discussões entre eles e o negócio não prosperou. 
Como disse anteriormente, a educação financeira é indispensável para que qualquer atividade possa ser bem sucedida.