Por cerca de 18 anos frequentei de forma assídua, como associado ou membro, uma seita religiosa que tem ramificações aqui no Brasil. Digo seita porque possuo fundamentos para afirmar isso. Por mais que insistam em afirmar que são uma Igreja, não passam de uma seita originada no século XIX, nos Estados Unidos. No Brasil são formalmente estabelecidos como Associação. Mas o nome popular adotado é “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Parece incrível! Minha conversão ou convencimento de que seus ensinamentos eram corretos deu-se num momento em que eu trabalhava no norte do Brasil, na cidade de Belém do Pará. Naquela ocasião, eu estava meio que isolado de amigos. Quando os Mórmons (nome que as demais pessoas chamam os membros dessa seita) apareceram certa vez na minha porta, numa manhã ensolarada, supriram-me a falta de amigos. Eu era solteiro e nem namorada tinha naquele lugar. Mostraram-se muito alegres e simpáticos. Eram americanos, falavam o português com sotaque bem acentuado.
Falaram-me de muitas coisas relacionadas à religião. Falaram de Jesus Cristo e me deram um Livro. O Livro de Mórmon. Disseram-me que se tratava de outro testamento de Jesus Cristo. Disseram-me que o livro contava acontecimentos ou fatos ocorridos aqui na América, antes de Cristóvão Colombo. Testificaram-me, que aquele livro era verdadeiro e que o próprio Deus o tinha preservado para esta nossa época. Na minha ingenuidade e ignorância, comecei a ler o tal livro. Tinha uma parte que parecia cópia fiel da bíblia. Era igual ao encontrado em algumas partes de Isaías, Malaquias e no livro de Mateus. Era confuso quando chegava nesta parte, porque o entendimento era dificultoso. Todavia, com o passar do tempo, comecei a aceitá-lo como verdadeiro. Eu estava envolto naquela doutrina, com pessoas que não paravam de falar que “o livro é verdadeiro”. E, de tanto ouvir essa frase, comecei a crer que era verdade. Não sabia, enquanto estava naquele meio, que não existia nenhuma evidência científica que comprovasse que o Livro de Mórmon era verdadeiro. E isso perdurou na minha vida por 18 anos. Qualquer um que ler isso vai se surpreender e achar que fui um tolo. Um idiota em acreditar numa fábula como essa. A seita tem sua doutrina alicerçada sobre a crendice de que um tal Joseph Smith, seria um pretenso profeta de Deus do século XIX. E, também, o cotidiano uso do Livro de Mórmon. Mas quero justificar que a doutrina é extremamente alienista. É hipnotizante e te deixa completamente à mercê dos líderes que não querem outra coisa, a não ser dinheiro.
Por 18 anos eu não sabia, porque não é difundido dentro da seita, que geneticistas Mórmons e não Mórmons atestaram que 99,6% são as probabilidades dos índios americanos serem descendentes de povos orientais e não de judeus como é ensinado no Livro de Mórmon.
Joseph Smith dizia que o Livro de Mórmon fora traduzido de umas placas de ouro, escritas numa língua chamado egípcio reformado. Esse egípcio reformado era uma língua que homem algum conhecia, mas era a língua na qual Mórmon (o pai de Morôni) escreveu as placas de ouro ao redor do ano 384 a 421 d.C., pouco antes de morrer. Para muitos constitui um problema que esta língua fosse reproduzida no Livro de Mórmon com as mesmas palavras da Bíblia do Rei Tiago de 1611, em centenas e milhares de lugares. Não parece provável que o egípcio reformado, uma língua não conhecida de homem algum e que havia desaparecido da terra por mais de mil anos antes do ano 1611, ano em que foi publicada a Bíblia do Rei Tiago, conteria milhares das mesmas palavras e frases, na ordem exata em que são encontradas na versão da Bíblia do Rei Tiago. Até as palavras em itálicos da versão do Rei Tiago aparece no Livro de Mórmon. Joseph Smith não as sublinhou, mas incluiu as no texto do Livro de Mórmon como se fossem as palavras de Deus. Os eruditos que fizeram a “versão do Rei Tiago” sublinharam certas palavras para prevenir o leitor de que elas não se encontravam no texto original grego ou hebraico, mas foram acrescentadas para uma leitura mais fluente ou para explicações. Alguns dos muitos exemplos de palavras sublinhados contidas na versão do Rei Tiago e no Livro de Mórmon podem ser vistas comparando Isaías 53:2, 3, 4 com Mosías 14:2, 3, 5.
Como o Livro de Mórmon poderia ter sido escrito em Egípcio reformado se esta língua nunca existiu. Os hebreus de quem os judeus fazem parte odiavam os egípcios. Consideravam um povo pagão. Porque Deus permitiria que o Livro de Mórmon fosse escrito numa língua pagã? Cheia de desenhos? Não seria possível colocar todo o conteúdo do livro e mais um terço das placas seladas apenas com desenhos ou hieróglifos egípcios.
Outro problema que eu não sabia, ou me passou despercebido foi sobre a sua tradução. Se o livro e Mórmon é a palavra de Deus, ditada palavra por palavra, porque então foram feitas milhares de alterações em edições posteriores à original de 1830? Segundo constam nos registros históricos, Joseph Smith ao traduzir as placas, olhava para dentro de um chapéu, como o auxílio de uma pedra, aparecia a frase como uma legenda para ele. Joseph ditava ao escrevente, palavra após palavra. Se a tradução não estivesse correta com uma só palavra suprimida ou acrescentada, ele não poderia continuar a tradução. A próxima frase ou próxima palavra não aparecia, consequentemente, Joseph não podia transmitir ao escrevente ou continuar a tradução. Foram acrescentadas, diminuídas ou alteradas cerca de 3 mil vezes partes do texto original, incluíndo um problema mui grave, de racismo explícito contido no livro. Deus se enganara ao traduzir?
Por 18 anos nunca me dei conta sobre o peso das placas de ouro. Conforme as dimensões descritas por Joseph Smith e recalculadas inúmeras vezes por inúmeras pessoas, deveriam ter mais de 120 quilos. Seria impossível para um homem só, levantá-las e transportá-las. E manuseá-las constantemente, sem que a esposa ou um dos escreventes pudesse vê-las. Críticos da igreja muitas vezes usam o peso das placas de ouro como prova de que a história do Livro de Mórmon não é verdadeira. Eles fazem cálculos complexos para mostrar como placas de ouro, com as dimensões descritas pelas testemunhas, devia pesar uns 120 quilos.
Na livraria Tanner’s, em Salt Lake City, foi construída uma réplica das placas de ouro utilizando placas de chumbo, que é mais leve do que o ouro. Eles desafiam os irmãos a levantarem e carregarem as placas ao redor da sala.
Os críticos dizem que Joseph não poderia jamais ter carregado e trabalhado com essas pesadas placas de 120 quilos. Ainda, o ouro puro seria muito maleável para ser gravado permanente.
E por 18 anos não percebi que o livro é tão absurdo. Nele encontramos fantasias como homens vestidos de armaduras, espadas e capacetes de metal e aço. Quando Cristóvão Colombo aportou na América, não encontrou nenhum índio vestido com nenhum artefato semelhante ao descrito no Livro de Mórmon. Eles viviam na idade da pedra lascada ou polida. Os metais não eram utilizados com fins armamentistas.
As cidades descritas no Livro de Mórmon nunca existiram. Nunca foi encontrado nenhum vestígio que datasse da época em evidência no Livro, até por volta de 400 d.C. o que os arqueólogos encontram sempre são ruídas de povos que viveram mais de mil anos após os eventos do Livro de Mórmon.
O alerta que deixo aqui é, de que não devemos nos embrenhar de corpo e alma em nenhuma organização aparentemente boa, com pessoas alegres e cordiais. Devemos desconfiar da doutrina, principalmente quando percebemos muitas novidades contrárias às tradicionais.
Felizmente tive coragem e sobriedade. Consegui me desvencilhar da seita e joguei todos os livros dela no lixo. Não me serviram para nada. Não me acrescentaram nenhum ensinamento proveitoso. Minha família melhorou consideravelmente depois de abandonarmos a causa Mórmon. Aliás, aconselho a todos os membros dessa seita que lerem meu artigo a fazerem o mesmo. Existe mais vida em abundância fora das garras alienistas da doutrina Mórmon do que vocês jamais imaginaram. Principalmente os jovens que foram criados sob os domínios da hipnose coletiva, achando que são felizes. Mas na realidade a verdadeira felicidade não consiste em seguir dogmas algum, nem em dar dinheiro para Deus. Ele não precisa de dinheiro.